Caso Clarinha: último teste de DNA dá negativo e corpo poderá ser sepultado
Paciente misteriosa ficou internada por mais de 20 anos e morreu há quase dois meses
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Nesta quinta-feira (09), as tentativas de identificação da paciente misteriosa Clarinha, falecida em 14 de março, foram encerradas e o corpo poderá ser liberado para sepultamento. A informação foi confirmada pelo coronel da reserva da Polícia Militar, Jorge Potratz, que cuidou da paciente por 24 anos, e pela Polícia Científica (PCIES).
O coronel foi informado pelo Departamento Médico Legal (DML), na manhã desta quinta-feira, de que o último teste de DNA, feito na tentativa de identificar Clarinha, deu negativo, permitindo a liberação do corpo para sepultamento.
Com quase dois meses desde a morte de Clarinha, a última família a tentar identificá-la se apresentou há duas semanas. De acordo com a PCIES, desde o falecimento da paciente misteriosa, foram realizados 12 exames de identificação, sem sucesso - oito foram realizados pelo DML e quatro pelo Laboratório de DNA Forense, dois destes em cooperação com outros Estados. Antes da morte, outras duas famílias haviam sido submetidas a exames de DNA, em 2015 e 2022, também com resultados negativos.
A PCIES ainda informou que a investigação sobre a verdadeira identidade de Clarinha começou em 2015, e desde então seu perfil genético faz parte do banco estadual de perfis genéticos, onde ainda permanece. Assim, mesmo com o passar dos anos, seu perfil genético será periodicamente comparado com os de familiares cadastrados nos bancos de dados de todo o país, de forma automática. Além disso, foram coletadas suas impressões digitais, que podem ser comparadas com registros de pessoas em todo o Brasil.
Por não ser o responsável legal por Clarinha, para receber a documentação e prosseguir com o sepultamento, Potratz precisará de uma autorização judicial. "Eu já encaminhei os documentos ao Ministério Público. Agora, estou aguardando para, primeiro, fazer o registro de nascimento tardio e, depois, conseguir o atestado de óbito para finalmente sepultá-la", disse Potratz.
O coronel afirmou que não tem um prazo para a finalização do processo, mas espera que o sepultamento ocorra na próxima semana. O velório será feito em parceria com um grupo de empresários que não foi identificado pelo coronel.
Apesar do encerramento do caso, Potratz se diz angustiado por não terem conseguido identificar Clarinha, mas acredita que fez tudo o que podia para proporcionar uma vida digna à paciente que marcou sua vida.
"A sensação que fica é de inquietação. É triste não termos conseguido identificá-la. Por exemplo, sempre me incomodou o fato de que ela era mãe [por causa de uma cicatriz de cesariana encontrada pela equipe médica durante sua internação]. Mas sei que há limites para tudo. Fiz o que pude para resolver esse caso, e me conforta saber que todos se dedicaram para proporcionar uma vida digna a ela. O sepultamento digno é uma espécie de reconhecimento do que ela merecia", concluiu.
Relembre o caso
Clarinha estava internada em estado vegetativo desde 2000, quando foi atropelada em uma avenida no Centro de Vitória, no dia 12 de junho. Ela foi transferida para o Hospital da Polícia Militar (HPM) em 2001, onde permaneceu sem identificação desde então e recebeu o nome Clarinha pela equipe médica.
No dia 14 de março deste ano, ela passou mal pela manhã, vomitou e teve uma broncoaspiração. Por volta das 20h30, morreu.
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