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Cidades

Canetas emagrecedoras são receitadas até para adolescentes

Médicos já estão receitando remédios injetáveis que ajudam na perda de peso para pacientes a partir de 12 anos


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Imagem ilustrativa da imagem Canetas emagrecedoras são receitadas até para adolescentes
Canetas emagrecedoras são receitadas até para adolescentes |  Foto: Divulgação

A obesidade em menores de idade no Brasil chama a atenção. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade, a prevalência de crianças e adolescentes com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados.

O documento apontou ainda que a projeção é que essa taxa chegue a 50% em 2035, com mais de 20 milhões de pequenos e jovens obesos ou com sobrepeso.

Tendo em vista esse cenário, tratamentos são necessários. E um tipo deles, que vem se popularizando cada vez mais, são as “canetas emagrecedoras”, que contribuem para perda de peso expressiva em um curto período.

Os medicamentos injetáveis Wegovy, com substância ativa semaglutida, e a Saxenda, que tem a substância liraglutida, já estão sendo receitados para adolescentes a partir dos 12 anos.

E os resultados são surpreendentes. O Wegovy, por exemplo, promoveu uma redução de 16,1% do índice de massa corporal no seu principal estudo com adolescentes.

Já no caso da Saxenda, há uma pesquisa recente, publicada na revista científica “New England Journal of Medicine” (NEJM), que analisou a performance da liraglutida entre crianças de 6 a 12 anos com obesidade, e afirmou que o tratamento com o ativo por 56 semanas, junto a intervenções no estilo de vida, resultou em uma maior redução no IMC.

Para a pediatra Claudia Fox, coautora principal do trabalho, a pesquisa foi positiva, visto que não há caneta emagrecedora voltada para a faixa etária estudada. “Me faz pensar que talvez devêssemos intervir em idades mais jovens”, considerou a médica.

O nutrólogo e cirurgião Roger Bongestab, especialista em obesidade, comentou sobre o benefício dos injetáveis que já são liberados no País.

“A importância de ter essas medicações permitidas, não somente para adultos mas também para as crianças na pré-adolescência, os de 12 anos, é grande, uma vez que temos poucos medicamentos no tratamento da obesidade”.

A endocrinologista Tatiana Genelhu esclareceu que as “canetas” são indicadas para pacientes com obesidade, ou seja, que tenham IMC acima do percentil 95 para a faixa etária segundo os critérios de classificação de IMC, associados a uma dieta hipocalórica e atividade física regular .

Ela ainda ressaltou a importância do acompanhamento médico durante todo o tratamento para orientação adequada quanto ao uso da medicação e medidas não farmacológicas.

“O tratamento necessita ser individualizado. Não existe um tempo pré-determinado para uso da medicação. Depende da resposta de cada paciente”, completou.

FIQUE POR DENTRO

Canetas emagrecedoras

Para adolescentes a partir dos 12 anos estão permitidos no Brasil os medicamentos Saxenda (contém a substância ativa liraglutida) e Wegovy (contém a substância ativa semaglutida) para o tratamento contra a obesidade.

Os dois medicamentos são aplicados de maneira injetável.

De acordo com a endocrinologista Tatiana Genelhu, eles são indicados para pacientes com obesidade, ou seja, que tenham IMC acima do percentil 95 para a faixa etária, segundo os critérios de classificação de IMC, associados a uma dieta hipocalórica e atividade física regular .

Segundo a bula de Wegovy, o IMC no percentil de 95 para adolescentes de 12 anos é 24,2 para os meninos e 25,2 para as meninas; já aos 15 anos, o IMC no percentil de 95 é 26,8 para os meninos e 28,1 para as meninas, por exemplo.

Como funcionam

Tanto a liraglutida quanto a semaglutida, que são substâncias ativas dos medicamentos Saxenda e Wegovy, são similares a um hormônio natural chamado GLP-1, liberado pelo intestino após as refeições.

Os dois medicamentos agem nos receptores do cérebro que controlam o apetite, causando sensação de saciedade e menos fome. E isso pode ajudar a pessoa a comer menos e a reduzir seu peso.

A Saxenda deve ser usada diariamente, enquanto o Wegovy, uma vez por semana.

pode haver efeitos colaterais de náuseas, vômitos, prisão de ventre ou diarreia.

A endocrinologista Tatiana Genelhu afirmou que é sempre importante acompanhamento médico durante todo o tratamento para orientação adequada quanto ao uso da medicação e medidas não farmacológicas.

Novo estudo

Um novo estudo publicado no New England Journal of Medicine e apresentado na conferência anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes apontou que crianças que usaram o medicamento para perda de peso liraglutida perderam significativamente mais peso do que as crianças que receberam placebo.

Os pesquisadores analisaram os efeitos do medicamento em crianças entre 6 e 12 anos que apresentavam um considerado um IMC alto. A média de peso de uma criança de 10 anos no estudo era de cerca de 70 kg.

O ensaio incluiu 82 crianças. Cinquenta e seis delas receberam uma injeção de liraglutida uma vez ao dia, enquanto as outras, placebo. Os pequenos também foram aconselhados para iniciar uma dieta e fazer atividade físicas.

Em mais de um ano, os IMCs das crianças que receberam o medicamento caíram 7,4 pontos percentuais a mais do que os do grupo placebo. As crianças que tomaram liraglutida tiveram uma queda de 5,8% no IMC, enquanto as outras tiveram um aumento de 1,6%.

Claudia Fox, pediatra e coautora do trabalho, disse que os resultados estavam alinhados com outros estudos realizados em adolescentes, no entanto, as crianças tiveram resultados mais fortes. “Isso, para mim, foi o mais surpreendente, e me faz pensar que talvez devêssemos intervir em idades mais jovens”, disse.

É válido ressaltar que, além da Saxenda, a liraglutida também é vendida no Brasil pelo nome comercial Victoza. Este, no entanto, é voltado para o tratamento de crianças a partir dos 10 anos com diabetes mellitus tipo 2 quando dieta e exercícios sozinhos não são suficientes para o controle da glicemia. A perda de peso pode acontecer, sendo uma consequência.

Fonte: Pesquisa A Tribuna, Roger Bongestab e Tatiana Genelhu.

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