Caminhões com excesso de peso aumentam risco nas viagens das férias
Acidente que causou 41 mortes em Minas aponta para falhas no transporte de cargas e liga alerta para época de festas de fim de ano
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Um grave acidente que provocou a morte de 41 pessoas em Minas Gerais na madrugada do último sábado chamou a atenção para problemas que aumentam o risco nas estradas em época de festas de fim de ano e férias: o excesso de peso e as falhas no transporte de cargas.
No caso da tragédia em Teófilo Otoni (MG), as causas estão em investigação, mas análises iniciais apontam que um bloco de granito teria se soltado de uma carreta, atingindo um ônibus.
Pela nota fiscal, de maneira preliminar, foi verificado ainda excesso de peso no transporte dessa pedra, segundo a Polícia Civil mineira.
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Espírito Santo, Wemerson Pestana, destacou que nesse período de maior movimentação das pessoas nas estradas – que vai até depois do Carnaval – a PRF está realizando a operação Rodovida, com reforço na fiscalização nas estradas federais.
“O Código de Trânsito estabelece que veículos de grande porte são responsáveis pelos menores, e os motorizados são responsáveis pelos não motorizados. Mas, na prática, o que vemos são muitos acidentes envolvendo caminhões de carga com excesso de peso e condutores que não têm curso para transportar aquele tipo de carga. Além disso, há muitos condutores extrapolando a velocidade”.
Outros riscos associados à gravidade de acidentes, em geral, incluem a falta do cinto de segurança e o excesso de passageiros.
Membro do Movimento Capixaba para Salvar Vidas no Trânsito (Movitran), André Cerqueira destacou que o veículo com excesso de carga – que na maior parte não fica bem distribuído no veículo – pode prejudicar a estabilidade, em especial em curvas.
“O vetor principal que estamos vendo é o excesso de velocidade que, combinado com veículo com excesso de carga, pode ser prejudicial. Além disso, nossas rodovias podem ter trechos irregulares e partes escorregadias”.
O especialista em Trânsito Josimar Amaral salientou que nesse período, até o Carnaval, há aumento dos acidentes registrados.
“Eles não têm só uma causa, mas geralmente são causados por problemas ligados à educação no trânsito, à infraestrutura – já que acontecem mais em locais onde não há duplicação – e à falta de fiscalização, pois sabemos que, apesar dos esforços, a frota cresce mais que o efetivo”.
SAIBA MAIS
Transporte de carga
O transporte de cargas no País é regulado por uma série de Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e pelo Código de Trânsito Brasileiro.
No caso de transporte de rochas ornamentais, a resolução 935/2022 estabelece as regras para amarrar a carga, além da obrigatoriedade do condutor de fazer o curso de carga indivisível.
Fiscalização de peso
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informa que, hoje, no Estado, quatro balanças operam 24 horas por dia: Viana (BR-101, Km 301,7), Linhares (BR-101, Km 137,5), Serra (BR-101, Km 249,5), e Rio Novo do Sul (BR-101, Km 393).
No entanto, a balança de Serra será desativada devido à municipalização do trecho com a conclusão do Contorno do Mestre Álvaro.
Com isso, a concessionária fez um estudo e propôs a instalação de uma nova balança no km 224 da BR-101.
Atualmente, a ANTT está implementando o HS-WIM, um modelo de pesagem em alta velocidade que ocorre diretamente na pista.
A pesagem em movimento está em operação em ambiente regulatório no km 640 da BR-365, em Uberlândia (MG), e no km 12 da BR-364, em São Simão (GO), na concessão da Ecovias do Cerrado. O órgão enfatiza que transporte de carga com excesso de peso representa riscos ao transportador e a todos que trafegam na via.
Fonte: ANTT e PRF.
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