Brasileiros fazem sexo de uma a duas vezes por semana, diz pesquisa
Pesquisa mostra que o tempo da relação sexual aumentou de 10 para 15 minutos, mas a frequência diminuiu nos últimos 20 anos
A frequência de sexo praticado por brasileiros adultos diminuiu nos últimos 20 anos, com relações apenas de uma a duas vezes por semana. Antes, esse ritmo era de duas a três vezes semanais. Os dados vêm de uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com a farmacêutica FQM.
“As tecnologias e a busca de prazer por parte da mulher são fatores que explicam essa mudança. O acesso à pornografia na internet é grande. Além disso, a mulher quer se tornar protagonista do próprio prazer, às vezes preferindo ter prazer sozinha”, explicou a sexóloga Flaviane Brandemberg.
A pesquisa mostrou que a média do tempo de relação sexual subiu de 10 para 15 minutos. O motivo para isso, segundo o estudo, é a valorização das preliminares, aponta a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, que participou do estudo.
“A forma como a mulher enxerga o sexo mudou, ela quer ter prazer, e não somente fazer sexo por obrigação. Então o sexo tem se tornado mais longo por essa mudança na perspectiva da mulher”, afirmou.
Além disso, a mentalidade de se abrir para outros tipos de relações afetivas também influencia na mudança do comportamento sexual, pontua a sexóloga Flaviane.
“Antes, as mulheres pensavam que iam se relacionar com um homem. Mas hoje, mulheres e homens, as pessoas no geral, estão mais abertas a experimentar o sexo com outros gêneros”, disse.
O levantamento ainda aborda hábitos de vida e condições de saúde mental que influenciam o sexo, destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Luiz Otavio Torres.
“O estresse da rotina aumentou, a preocupação com o trabalho, com estudos, e até a falta de dinheiro influenciam na mudança do hábito sexual dos brasileiros. A pessoa que tem mais preocupações cotidianas se engaja menos na atividade sexual com o parceiro, chega em casa e quer descansar, dormir”, disse.
A vida moderna, bombardeada por redes sociais, não afeta somente a saúde mental de cada membro do casal, como também influencia a vida sexual, destaca o urologista Camilo Milanez.
“Por vezes, o casal está mais preocupado em mostrar que está bem nas redes sociais, mesmo que a vida sexual não esteja bem. A preocupação com a qualidade da relação sexual diminui, e a frequência do sexo diminui também, já que o casal não procura sanar esse problema. Muitas pessoas nem pensam em como a tecnologia afeta a vida sexual”, explicou.
O resultado da pesquisa
Menos sexo
Uma a duas vezes por semana está sendo a frequência com que brasileiros fazem sexo. Há 20 anos atrás, esse ritmo era de duas a três vezes semanais.
1/5 dos brasileiros afirmam ter menos de uma relação sexual por semana.
3.213 adultos, sendo 54% mulheres e 46% homens, foram ouvidos em todas as regiões do País.
Desejo e orgasmo
Quase 90% declararam sentir desejo sexual.
1/3 das mulheres afirmaram chegar ao orgasmo, ao passo que quase 3/4 dos homens contaram que chegam ao orgasmo em toda relação sexual.
50% revelaram que já fingiram orgasmo, com predominância feminina. Isso mostra, segundo o estudo, disparidades entre gêneros.
Sexo em casal
69% dos entrevistados estão em relações monogâmicas estáveis.
56% consideram o sexo essencial para a harmonia do casal.
12,9% dos homens admitem ter relações com outros homens, e a maioria das mulheres relata relações apenas com homens.
5,3% afirmaram a necessidade de debater a sexualidade como parte integral da saúde.
70% se informam sobre sexo pela internet.
Infidelidade
41,5% é a taxa de infidelidade masculina.
28,6% é a média de infidelidade feminina.
Medo e prevenção
31,6% relataram ter preocupação de contrair infecções sexualmente transmissíveis.
31,2% afirmaram ter receio de não satisfazer o parceiro
Mais de 50% admitem não usar preservativos.
Hábitos
27% levam uma vida sedentária.
24,9% afirmam ter uma rotina estressante.
16,3% relatam passar por tratamentos para ansiedade e depressão.
12,6% sinaliza tendência crescente da sociedade médica contemporânea em valorizar a saúde mental, além da física.
Saúde sexual masculina
Cerca de 9,6% dos homens relatam ejacular sempre mais rápido do que gostariam.
39% dizem que isso ocorre ocasionalmente.
20,8% afirmam que o tempo até a ejaculação é considerado muito curto.
33% dos homens observaram que a(o) parceira(o) reagiu com compreensão e buscou diálogo.
14,9% receberam estímulos para continuar.
11,6% afirmam que o parceiro fingiu não perceber.
20,3% enfrentam dificuldade para controlar a ejaculação.
12,3% relatam baixo desejo sexual.
60,6% afirmam não ter nenhum desses problemas.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) ressalta que os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso à informação, promover campanhas de educação sexual e incentivar mulheres e homens a buscar ajuda quando enfrentam dificuldades.
Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e Farmacêutica FQM.
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