AVC atinge cada vez mais os jovens e preocupa médicos
Doença é associada a idosos, mas cresce a incidência em pessoas abaixo de 40 anos. Especialistas apontam os fatores de risco
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O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, geralmente é relacionado a pessoas mais velhas, principalmente os idosos. Entretanto, números recentes mostram que o quadro está atingindo cada vez mais os jovens.
De 2021 até maio deste ano, 91 pessoas com menos de 40 anos tiveram AVC no Estado, segundo o Sistema de Informação e Mortalidade Estadual da Secretaria de Estado da Saúde (SIM/Sesa).
“Esse número pode ser ainda maior. Observando as estatísticas, cerca de 30% dos casos de AVC no Brasil acontecem em pessoas com menos de 45 anos, que são pacientes jovens”, explica o neurocirurgião Ulysses Caus Batista, que também é neurorradiologista intervencionista da Rede Meridional.
Segundo ele, o avanço dos diagnósticos permite identificar mais rápido os casos de AVC, detectando assim a doença entre os jovens.
Outros fatores que apontam para o aumento de casos de AVC entre os jovens, segundo o neurocirurgião, têm relação com a mudança do estilo de vida da população.
“De um modo geral, os pacientes estão com uma piora no estilo de vida: dieta pior, sedentarismo, aumento do uso de cigarros eletrônicos entre os jovens. Por outro lado, também há uma melhor organização nos hospitais do protocolo AVC, que ajuda a identificar mais rápido o quadro”, destaca o médico.
O aumento da obesidade, da ansiedade e da depressão também contribui para o crescimento de casos de AVC entre os jovens, segundo o neurologista Waldemar Algemiro, da Unimed Sul Capixaba.
“Além da obesidade, que eleva o risco ser acometido por AVC, estamos vendo, no cenário pós-pandêmico, o aumento de transtornos de ansiedade e depressão que causam alterações hormonais. E o estresse, em altos índices, expande a probabilidade de casos de arritmia cardíaca e picos hipertensivos”, ressalta.
A mudança positiva no estilo de vida e o tratamento adequado das causas de AVC são fundamentais para que esse quadro clínico não volte a acontecer, observa o médico.
“Os números mostram que uma em quatro pessoas do mundo vai ter um AVC na vida. Se nada for feito, vai voltar a ter a doença. A chance de recidiva de AVC é de 25%, o que é muito. Por isso, é importante a prevenção e o socorro rápido”.
Doença aos 28 anos, mas sem sequelas
A farmacêutica Kamila Covre, de 34 anos, teve um AVC aos 28 anos, e os primeiros sintomas começaram a surgir enquanto ela estava em uma aula de pilates.
“Senti uma dor de cabeça súbita enquanto fazia um dos exercícios, mas achei que era pressão, mas ela foi se agravando, ficando cada vez maior, tive formigamento do corpo, das pernas e braços dormentes, então me levaram para o hospital. Só que me liberaram dizendo que era uma dor de cabeça forte”.
Só depois de 24 horas o médico ligou, dizendo que a farmacêutica voltasse ao hospital para refazer o exame, que aí confirmou o AVC.
Kamila conta que passou alguns dias no hospital, mas não teve sequelas da doença.
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Decoradora já teve 2 derrames
Fabiana Ventura de Nardi, de 45 anos, tinha 38 anos quando teve o primeiro AVC, mas só conseguiu descobrir quatro dias depois dos primeiros sintomas.
“Acordei com uma dor de cabeça forte, caí no chão fraca, mas mesmo assim fui à igreja e trabalhei, montando a decoração de uma festa antes de ir ao hospital. Lá, fiz exames, mas disseram que era uma crise de ansiedade. Dias depois, em uma consulta com o neurologista, ele disse que tinha sido um AVC”, contou.
O segundo AVC aconteceu dois anos depois. Ela conta que ficou mais de um mês internada. Hoje tem algumas sequelas, mas se recupera.
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Saiba Mais
AVC
Conhecido popularmente como “derrame cerebral”, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser dividido em dois tipos:
AVCI: acidente vascular cerebral isquêmico. É o mais comum e é causado pela falta de sangue em determinada área do cérebro, decorrente da obstrução de uma artéria.
AVCH: acidente vascular cerebral hemorrágico. É causado por sangramento devido ao rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro.
Causas
O aumento do número de jovens que sofrem AVC ocorre também devido a hábitos pouco saudáveis dos mais novos e por causa dos métodos atuais de diagnósticos mais precisos.
Doenças cardíacas congênitas ou adquiridas, como a fibrilação atrial, o infarto. Mesmo após a correção cirúrgica ou tratamento, continuam representando um risco para AVC em jovens.
Sintomas
Os principais sinais de que se está tendo AVC são semelhantes em jovens e idosos: fraqueza e dormência de um lado do corpo, perda de visão súbita, dificuldade para falar e uma forte tontura.
Prevenção
Para combater a doença que acomete jovens e idosos é importante ter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, controlar pressão arterial, diabetes, colesterol e triglicerídeo. Esses hábitos são recomendados também às pessoas que já tiveram a doença.
Fonte: pesquisa AT e especialistas consultados na reportagem.
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