Avanços da ciência ajudam idosos a viver melhor
Novas tecnologias, além de estudos em andamento, prometem melhorar dia a dia, além de aumentar a longevidade brasileira
Escute essa reportagem
Com uma população idosa crescente no País, avanços da ciência têm permitido não apenas que as pessoas vivam mais, mas que envelheçam melhor, com saúde e autonomia.
Faltando pouco para o Dia do Idoso, comemorado no domingo, a reportagem reuniu novidades e pesquisas focadas no bem-estar de quem tem mais idade.
Entre os projetos, está uma palmilha inteligente, que trará informações sobre a pressão do pé ao pisar, as características da marcha, a postura e o equilíbrio. Chamada de Sense Shoes, ela está sendo desenvolvida a partir de uma parceria entre a MedSênior, a Primer e a Universidade Estadual da Paraíba.
De acordo com o especialista em Operações de Saúde do MilSênior (laboratório de inovação da MedSênior), o médico André França, a partir desses dados, será possível, por exemplo, avaliar o risco de quedas em idosos por meio de inteligência artificial, além de monitorar a evolução dos pacientes.
“A primeira versão do protótipo já está pronta e começou a ser testada em laboratório. A ideia é começar no próximo ano os testes de validação clínica com pacientes atendidos pelos Núcleos de Autonomia e Independência da MedSênior”.
O mestre e doutor em Ciências e professor e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Rodrigo Luiz Vancini, tem estudos na área do envelhecimento, com foco na qualidade de vida.
Um dos trabalhos selecionados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapes) analisa o perfil de força muscular, do equilíbrio e de variáveis associadas com a qualidade de vida dos idosos com diferentes níveis de aptidão física.
Idealizador da MoveAge, startup focada no conceito de Envelhecimento Ativo, ele busca parceria para desenvolvimento de aplicativo de monitoramento da qualidade de vida e gestão da saúde.
O geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia seção Espírito Santo, Alexandre Constantino, destacou que alguns dos grandes avanços da ciência para o envelhecimento com qualidade são as vacinas.
Ele ainda considera a inteligência artificial como um divisor de águas em um futuro breve em todas as áreas da saúde. “Os relógios inteligentes são cada vez mais úteis nos aspectos do dia a dia, por exemplo a contagem de passos por dia e aferição dos batimentos cardíacos”.
Remédio em estudo contra Alzheimer
Palmilha inteligente
Chamada de Sense Shoes, a palmilha terá tecnologia de ponta e recursos de inteligência artificial para avaliar características de pisada e passada.
Será possível reunir informações sobre o padrão de marcha (como a pessoa anda), equilíbrio, características musculoesqueléticas personalizadas.
Isso permitirá o cruzamento de dados e o acesso às informações por meio de um aplicativo móvel.
A palmilha inteligente está sendo desenvolvida a partir de uma parceria entre a MedSênior, a Primer e a Universidade Estadual da Paraíba.
A primeira versão do protótipo da palmilha já está pronta e começou a ser testada em laboratório para avaliação dos recursos de hardware e software, funcionalidades e uso.
O projeto de pesquisa vai até o fim de 2024. A ideia é que no próximo ano sejam iniciados os testes de validação clínica com pacientes atendidos pelos Núcleos de Autonomia e Independência da MedSênior.
Aplicativos
Entre os aplicativos desenvolvidos para prevenção à saúde da pessoa idosa, a multinacional MV desenvolveu o aplicativo Personal Health, da divisão da empresa Global Health.
O aplicativo possibilita que o paciente tenha todo o seu histórico de doenças na palma da mão e o monitoramento da sua saúde.
Características, comorbidades, lista de remédios em uso, indicadores de alergias, sinais vitais e ainda resultados de exames, laudos, procedimentos realizados e agendamento de consultas são algumas das informações integradas ao aplicativo.
Medicamentos
Estão sendo desenvolvidos medicamentos para doenças que atingem principalmente idosos.
A farmacêutica Eli Lilly anunciou em julho resultados da última etapa dos estudos clínicos com o donanemabe, um medicamento experimental para o tratamento do Alzheimer.
Fonte: Especialistas e empresas consultadas.
Pesquisa diz que eles estão depressivos e ansiosos
Apesar dos avanços para melhoria da qualidade de vida da população idosa, a saúde mental ainda requer atenção: mais de um terço dos idosos do País (34%) têm sintomas depressivos e 16% sentem solidão.
Os dados são de um levantamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores entrevistaram quase 8 mil pessoas acima dos 50 anos para gerar a última edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), incluindo questões de saúde mental.
A pesquisa questionou acerca da frequência com que se sentem sozinhos ou solitários. Entre os depressivos, 33% sentiam-se sozinhos sempre.
A geriatra Fernanda Damiani diz que a solidão na terceira idade está totalmente ligada ao grau de utilidade da pessoa, que por envelhecer, pensa não ser mais “querido” ou útil para familiares e amigos.
“Envelhecer é um processo natural. Para alguns, é sinal de maturidade, para outros, é sinal de que a vida está 'chegando ao fim'. Cabe ressaltar que a depressão no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. Enfermidades crônicas e incapacitantes constituem fatores de risco para depressão”, explicou a médica.
Raio-x dos idosos
População: 624 mil pessoas no Estado têm mais de 60 anos de idade, sendo 284 mil homens e 339 mil mulheres.
Idosos por grupo de idade
50 a 59 anos: 463 mil, sendo 227 mil homens e 236 mil mulheres;
60 a 64 anos: 187 mil, sendo 95 mil homens e 92 mil mulheres;
65 anos ou mais: 436 mil, sendo 189 mil homens e 247 mil mulheres.
Percentual de idosos com alguma deficiência
Entre 60 e 69 anos: 18%;
Entre 70 e 79 anos: 25,3%;
Acima de 80 anos: 48,8%.
Os números
152 mil idosos trabalham no Estado, com um rendimento médio mensal de R$ 2.920;
Anos de estudos das pessoas com mais de 60 anos
Em média, homens idosos estudaram 7,1 anos ao longo de suas vidas, enquanto mulheres estudaram 6,8 anos.
Analfabetismo
Entre os idosos do Espírito Santo, 14% dos homens e 17% das mulheres são analfabetos.
Tarefas domésticas
86,1% das pessoas com mais de 50 anos realizam os afazeres domésticos no próprio domicílio.
Fonte: IBGE
Comentários