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Cidades

As histórias de quem vive a maternidade por trás das grades

Todas afirmam ter se arrependido de seus crimes e sabem que precisam pagar por eles. Mas, no Dia das Mães, importa apenas a saudade


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O que poderia ser apenas um espaço vazio e frio, acabou se tornando um local de acolhimento e criação de vínculo entre mães com restrição de liberdade e seus filhos, na Penitenciária Feminina de Cariacica, que fica em Bubu. 

Esse processo de humanização existe por conta de um projeto da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), que tem o objetivo de diminuir o impacto do ambiente prisional para esses bebês, que, segundo a lei, devem ficar com suas mães até completarem 6 meses de vida. 

Pinturas nas paredes de animais e balões, berços, camas com proteção, brinquedoteca e salas de amamentação. Não fossem as grades, seria quase possível esquecer que o local é uma penitenciária. 

Imagem ilustrativa da imagem As histórias de quem vive a maternidade por trás das grades
|  Foto: Amanda Drumond/AT

Segundo Graciele Sonegheti, diretora da unidade, o máximo já registrado no presídio foram oito nenéns, mas o espaço comporta 11. Atualmente, quatro mulheres estão nesta galeria, com quatro bebês, sendo um de cada. 

Além deste espaço, o presídio também conta com um parquinho e uma quadra, no local onde as visitas são feitas. Lá, as mesas de ferro contrastam com as cores dos escorregas, cavalinhos e amarelinhas. A diretora explicou que esta foi uma forma que o Estado encontrou de aproximar as mães de seus filhos.

Ao Tribuna Online, uma das internas Filaybe da Silva Moura, 32, contou que todos os dias são difíceis, mas o Dia das Mães costuma ser pior. Isso porque ela tem quatro filhos, mas todos já tem mais de 2 anos.

Imagem ilustrativa da imagem As histórias de quem vive a maternidade por trás das grades
A interna Filaybe Moura no parquinho da sala de visitas |  Foto: Amanda Drumond/AT

A técnica em Enfermagem afirma que se arrepende dos crimes que cometeu e que sente saudade todos os dias, mas ainda falta cumprir 8 anos de prisão.

“Minhas filhas sofrem muito, ficam perguntando que dia eu vou embora e eu não tenho o que falar. É muito difícil estar aqui dentro e sua filha pedindo para você ir, mas quando acaba a visita é só choro e despedida”, lamentou a presa.

De acordo com ela, o ambiente alivia um pouco essa tristeza das visitas que recebe de sua família. Graciele ainda levou as filhas de Filane para a inauguração. "Foi a melhor coisa que a diretora fez aqui no presídio. No dia, foi uma surpresa muito grande pra mim. Elas não sabiam o que fazer, ficavam me chamando para descer no escorrega e eu tinha que ficar falando que eu não cabia (risos)", contou.

Ensaio fotográfico

Outro projeto da unidade é o ensaio conhecido como Newborn, que costuma ser realizado nos primeiros dias de vida do recém-nascido. Para a diretora da unidade, esta é uma oportunidade de criar uma primeira memória positiva para essas crianças.

“Elas não têm culpa dos crimes cometidos pelas mães e têm direito a uma recordação boa dessa fase, diferente do que estamos acostumadas a ver em uma unidade prisional. Então, a ideia é deixar as fotos em um CD para quando eles forem adultos, consigam ter uma lembrança boa de quando precisaram morar em um presídio”, afirmou Sonegheti.

Imagem ilustrativa da imagem As histórias de quem vive a maternidade por trás das grades
Um dos bebês que moram na penitenciária durante o ensaio |  Foto: Divulgação/Luana Andrioli
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Um dos bebês que moram na penitenciária durante o ensaio |  Foto: Divulgação/Luana Andrioli

Responsável por executar o projeto, que já existe há quatro anos, a fotógrafa Luana Andrioli afirmou que o projeto a transforma a cada sessão de fotos. 

"Me sinto muito feliz por fazer parte. Sinto que recebo sempre uma recarga de coisas boas, com novos aprendizados e experiências que agregam muito ao meu trabalho fora de lá. O amor é perceptível em cada gesto, em cada palavra, em cada olhar quando nos unimos pra fazer o bem", relatou.

De acordo com a profissional, a gratidão das internas é tanta que compensa todo o trabalho. "Além de receber amor de volta eu não imaginava que um trabalho voluntário me faria tão bem, que me ensinaria tanto. Fazer o bem, realmente vale a pena.

"Foco é capacitação profissional"

Atualmente, o Espírito Santo conta com 975 mulheres presas nas unidades de Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. Desse total, 528 foram condenadas por tráfico de drogas ou associação para o tráfico, 140 por homicídio e 74 por roubo ou furto.

Segundo a diretora Graciele, o foco da unidade de Cariacica é a capacitação profissional, escolarização e trabalho. “Hoje, nós temos quase 50% das presas trabalhando, temos empresa aqui dentro, que é a Pimpolho, e a cozinha também é aqui dentro, onde elas trabalham, têm remissão de pena e salário”, explicou.  

Além do trabalho, as internas também podem se profissionalizar através de cursos, por exemplo, de manicure, beleza, auxiliar administrativo, cuidador de idosos. “Aqui, a gente tenta oferecer cursos que elas possam, quando sair, abrir o próprio negócio ou ter uma oportunidade de trabalho mais fácil”, disse Graciele.

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Um dos corredores da galeria principal, onde ficam as internas que não moram com seus filhos no presídio |  Foto: Amanda Drumond/AT

Já para as presas que decidirem completar os estudos, a Penitenciária Feminina de Cariacica ainda oferece o processo de escolarização através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), para que elas possam finalizar o ensino fundamental e o médio.

“A maioria delas chega com o ensino fundamental incompleto, então, elas acabam se capacitando aqui, não só em relação ao trabalho, mas se elas conseguem concluir o Ensino Médio, a chance de ela sair e conseguir, talvez, fazer uma faculdade ou começar um emprego é muito maior”, completou a gestora.

De acordo com Graciele, isso é necessário porque além da condenação, quando saírem do presídio, as internas vão ficar marcadas como egressas.

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As mães e seus bebês no Presídio Feminino de Cariacica |  Foto: Amanda Drumond/AT

“Se a situação estava ruim antes, quando elas saírem vai ficar muito pior. Então, se eu capacito e tiro essa diferença com a sociedade, com o ensino médio completo, curso de capacitação com certificado e ainda trabalhou aqui e tem uma poupança financeira, a probabilidade de ela abrir o próprio negócio já aumenta muito”, finalizou.

A diretora ainda completou: “A maioria delas foi pega por tráfico de drogas e, normalmente, está vinculada a questão dos parceiros. Às vezes eles estão presos e não querem sair da vida do crime e elas voltam para aquele ciclo e não conseguem sair porque dependem deles financeiramente. Então, se você consegue permitir essa possibilidade, elas vão optar se elas querem ou não permanecer com esses parceiros e sair do crime”, finalizou.

Vídeo

Produção, roteirização, entrevistas: Amanda Drumond

Edição e produção: Aquiles Brum

Veja mais fotos: 

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As mães internas com seus bebês |  Foto: Amanda Drumond/AT
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Um dos bebês que moram na penitenciária durante o ensaio |  Foto: Luana Andrioli
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|  Foto: Amanda Drumond/AT

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