Aposentado planta mais de 50 mil árvores
Na fazenda, em Santa Teresa, Gilson Mansur ainda construiu cinco represas e cuida de seis nascentes da Bacia do Rio Bonito
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Aos 81 anos, o advogado aposentado Gilson Mansur pode dizer que tem uma vida dedicada à defesa da natureza.
Há 40 anos, ele comprou a fazenda Santa Angelita, em Santa Teresa, onde plantou mais de 50 mil árvores, construiu cinco represas e cuida de seis nascentes da Bacia do Rio Bonito, que desagua no rio Santa Maria, principal abastecedor da Grande Vitória.
Todas as árvores estão plantadas em 20 hectares, o equivalente a 20 campos de futebol. E as nascentes fizeram com que parte do rio Santa Maria, que corta a cidade, não secasse.
Gilson Mansur garante que fez tudo isso pensando no futuro das novas gerações.
“Quando comprei a fazenda, quis montar um santuário ecológico para as novas gerações. Quem preserva a natureza preserva o futuro. Uma das nascentes, inclusive, levou água para pessoas que não tinham esse bem há mais de 50 anos”, disse o aposentado.
Dos 33 hectares de sua propriedade, 60%, de acordo com o aposentado, são formados por floresta nativa com diversas madeiras nobres, como jacarandá, jequitibá, canela, ipê-roxo e o palmito-juçara cultivado sem agrotóxico.
A outra parte, ele refloresta com mudas obtidas junto ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A propriedade abriga inúmeras espécies de aves e mamíferos e árvores frutíferas.
Sabedoria
O conhecimento adquirido com o tempo e o desejo de transmitir todo o aprendizado para gerações futuras fazem com que Gilson seja hoje um dos maiores protetores e mantenedores de florestas nativas da região Serrana do Estado.
Frequentemente a fazenda Angelita recebe estudantes, professores e pesquisadores de todas as partes do Espírito Santo. “Hoje faço minha parte. Preservo para deixar um bem natural para meus sucessores. Não existe melhor herança do que a sabedoria”.
Exemplos simples fazem diferença
A Tribuna – A natureza é o nosso maior tesouro?
Gilson Mansur – “Fico muito feliz em saber que as nascentes estão bem preservadas com o reflorestamento que venho realizando há anos. Já recebi muitas pessoas na minha propriedade e ajudei no reflorestamento de várias propriedades. Desejo que as pessoas tenham interesse maior em preservar. A natureza é nosso grande tesouro”.
Quando surgiu o amor pela preservação do meio ambiente?
“Desde quando eu nasci. Sempre gostei da natureza e a respeitei. Quando comprei a Fazenda Angelita, já tinha essa ideia de ter um local de preservação. O tempo foi passando e eu fui colocando em prática essa vontade”.
Sua fazenda recebe estudantes e pesquisadores de todo o Estado. Qual é a sua mensagem para os jovens?
“Que todos preservem a natureza. Não temos mais tempo a perder. A natureza já mostrou que não aceita mais a falta de respeito com ela. É só acessar os meios de comunicação para ver as tragédias climáticas em todos os continentes”.
E quem não tem condições de construir uma fazenda ecológica, o que pode fazer?
“Quem não tem condições de comprar uma terra para preservar pode começar a produzir menos lixo. Descartar o lixo corretamente. Usar mesmo água no dia a dia. São exemplos simples, mas que fazem a diferença”.
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