Alunos inseguros na escola por conta da aparência, diz pesquisa
Pesquisa aponta que 93,5% dos estudantes sentiram necessidade de mudar algo no corpo para ser mais aceito pelos colegas
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Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?”, pergunta a madrasta no clássico conto de Branca de Neve. Quando o espelho responde que sim, ela entra em crise e tenta eliminar sua rival. No fim, perde tudo. A fábula pode parecer inocente, mas quem nunca se comparou?
Uma pesquisa feita por A Tribuna em parceria com o Laboratório de Pesquisa da Área de Humanas da UVV revelou que a maioria dos estudantes afirma se sentir insegura com a própria aparência no ambiente escolar.
Dos entrevistados, 88,1% dos pais disseram que o filho já se sentiu inseguro na escola por causa da aparência e 72,9% que o filho já pediu para mudar a aparência.
Os números aumentam quando a pergunta é direcionada aos estudantes: 93,5% disseram já ter se sentido inseguros, indicando que 5% não compartilham com os pais sobre o que sentem. Também 93,5% responderam ter sentido necessidade de mudar a aparência para ser mais aceito pelos colegas.
Foi o caso de um estudante de 17 anos. No ensino fundamental, ele descreve seu cabelo como “lambido para o lado”.
“Sofri bullying. Nunca falei com ninguém porque é vergonhoso. Mas afetava minhas amizades e eu acabava me isolando”.
Hoje, com 17 anos e um cabelo bem diferente, cortado e repicado, ele diz que o bullying acabou e que se sente bem melhor.
A psicóloga Carolina Giacomin ressalta que a insegurança com a aparência mexe com a autoestima dos jovens e pode trazer sérios problemas, como ansiedade, sentimentos de solidão, dificuldade para se concentrar nas aulas e até o afastamento da escola.
“Tem o poder de impactar a vida escolar e social do estudante profundamente”.
Os dados da pesquisa também mostram que pessoas que sofrem com o bullying e o preconceito não tentam reportar isso em casa, segundo apontou o coordenador da pesquisa, o professor da UVV Fabrício Azevedo.
“Piadinhas”
Uma estudante de 17 anos nunca teve certeza se as “piadinhas” que os colegas faziam eram por causa de seu cabelo, mas isso a incomodava. Por isso, quando tinha 11 anos, começou a fazer progressiva nos cabelos cacheados.
“Me sinto muito melhor agora. Fazer comentários maldosos afeta muito o psicológico das pessoas. Ninguém deve fazer”.
Incômodo
“As acnes no meu rosto. Não me sinto confortável com elas”, conta uma estudante de 15 anos que diz já ter se sentido incomodada com a aparência e ter querido se encaixar mais.
Embora já tenha presenciado cenas de bullying na escola, conta que nunca foi a vítima de uma. “Davam risada, julgavam pela aparência dela. Ela acabou mudando de colégio”.
Confira a pesquisa
Como foi realizada
Elaborada em parceria com o Laboratório de Pesquisa da Área de Humanas da UVV e A Tribuna, a pesquisa foi feita entre os dias 5 e 8 de maio. Foram entrevistados pela internet 354 pais, com filhos com idade entre 6 e 17 anos.
Perguntasaos filhos
1. Já se sentiu inseguro(a) na escola por causa da aparência (corpo, cabelo, pele ou jeito de se vestir)?
[93,5%]: Sim
[6,5%]: Não
2. Você já foi alvo de “brincadeiras” ou comentários maldosos por causa do seu corpo, cabelo, roupas ou outro aspecto físico?
[94,6%]: Sim
[5,4%]: Não
3. Você sente que precisa mudar algo em sua aparência para ser mais aceito(a) pelos colegas?
[93,5%]: Sim
[6,5%]: Não
4. Como você se sente em relação à sua imagem quando está nas redes sociais?
[12,1%]: Bem
[17,2%]: Mal
[70,6%]: Acho que poderia melhorar
Perguntas aos pais
1. Seu filho já se sentiu inseguro(a) na escola por causa da aparência (corpo, cabelo, pele ou jeito de se vestir)?
[88,1%]: Sim
[11,9%]: Não
2. Ele já relatou episódios de bullying ou exclusão na escola relacionados à aparência?
[29,7%]: Sim
[70,3%]: Não
3. Seu(sua) filho(a) já pediu para mudar o estilo, o corpo ou o visual por não se sentir bem ou por influência de colegas ou da internet?
[72,9%]: Sim
[27,1%]: Não
4. Você conversa com seu(sua) filho(a) sobre aceitação do corpo e autoestima?
[82,5%]: Sim
[17,5%]: Não
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