Advogado capixaba que estava em Israel: “Buscamos abrigo subterrâneo”
Ricardo Pimentel ainda contou que buscar "andar em segurança, a todo momento conversando com policiais para atualizar quanto à segurança da cidade"
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Dois dias após o início do conflito, o advogado capixaba Ricardo Pimentel, de 49 anos, chegou em Israel. Inicialmente, seria uma viagem de turismo, programada para terminar no dia 22 de outubro. Só que a programação teve de ser alterada.
Por telefone, Ricardo Pimentel – que também é presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas no Espírito Santo (Abracrim) – conversou ontem com a reportagem e falou sobre como tem sido a sua experiência.
É a segunda vez que ele viaja para a terra santa. “Israel é um país encantador. Quando está tudo calmo, árabes e judeus vivem em harmonia e os locais sagrados são de pura espiritualidade e históricos. Jerusalém é magnífica”.
A Tribuna – Quando chegou a Israel, já sabia do conflito?
Ricardo Pimentel – Embarquei no domingo (08), em Vitória, às 6 horas. Tudo começou no sábado, mas não tinha informação da gravidade e intensidade do conflito. Troca de tiros entre árabes e judeus sempre existiu. Então, não dei a importância que deveria ter dado. Só soube efetivamente de tudo quando cheguei na segunda.
Foi sozinho?
Vim com um amigo de Vila Velha para fazer uma viagem de cruzeiro a partir de Israel. Viagem de turismo. O roteiro seria Israel, Grécia, Turquia e Chipre.
Iria sair na quinta (12) de navio a partir do Porto de Haifa, mas a companhia de navegação cancelou a atracação do navio. Assim, devo sair daqui até o dia 15, seguir para outro país da Europa e, de lá, voltar para o Brasil.
Como estão as coisas nesse momento em Israel?
Estou hospedado em um hotel de Tel Aviv. Agora (quarta-feira (10)), a cidade está calma, com comércios, restaurantes e atrações turísticas todas fechadas em razão da circunstância. Estive na Embaixada do Brasil para me informar. Eles têm número de plantão para os brasileiros que querem se inscrever para voltar nesse momento de repatriação que o governo está fazendo.
Se inscreveu?
Nesse momento, estou buscando voltar por meios próprios.
De tudo o que viu, o que mais marcou?
Na segunda-feira (09), houve alerta de sirenes por três vezes. Na terceira vez, estávamos na rua e tivemos de buscar abrigo em uma garagem subterrânea. Houve uma explosão e depois soubemos que foi devido à interceptação de um míssil.
Tel Aviv tem a fama de ser a cidade mais segura de Israel devido ao sistema de defesa antiaérea do país. Desde o início do conflito, apenas fragmentos de mísseis atingiram a periferia da cidade.
Houve novos alertas?
Não. A cidade está calma. Estou em um hotel próximo à Embaixada dos Estados Unidos, então tem bastante segurança. O problema tem se concentrado no sul de Israel, principalmente na região próxima à Faixa de Gaza.
Passou por alguma situação que preocupou?
Na verdade, entre os fatos que me impressionaram de forma negativa aqui está o relato do proprietário do hotel que eu estou, de que três jovens que trabalhavam aqui, no restaurante, estavam participando do festival próximo à Faixa de Gaza, no sábado (07).
Deles, duas meninas e um rapaz, uma faleceu vítima de disparos de armas de fogo. Outra menina está desaparecida. Já o rapaz sofreu dois disparos na perna.
Sentiu medo em algum momento?
Não diria medo. Mas apreensão. Busco andar sempre em segurança, a todo momento conversando com policiais para atualizar quanto à segurança da cidade.
De fato, há muitos policiais nas ruas e helicópteros sobrevoam a cidade o dia inteiro em patrulha.
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