Acidentes já mataram 33 motociclistas este ano no ES
Número se refere a janeiro. Ao comparar com o mesmo mês de 2022, houve aumento de 57% no número de acidentes, diz a Sesp
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O início de 2023 trouxe estatísticas negativas para quem anda de motocicleta no Estado. O número de mortes envolvendo motociclistas aumentou durante o mês de janeiro deste ano, sendo 33 vítimas contra 21 no mesmo período em 2022.
O cenário é apenas um recorte do que ocorre no trânsito capixaba. Houve também um aumento de vítimas fatais envolvendo qualquer tipo de veículo. Foram 46 mortes em 2022, enquanto neste ano houve 71. Os dados são do Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
A última morte registrada aconteceu na madrugada de ontem, no bairro Barramares, em Vila Velha. Um jovem de 22 anos, que estava em uma motocicleta, colidiu com um ônibus em um cruzamento e morreu na hora.
Segundo o capitão do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, Antony Costa, três fatores levam ao aumento de mortes de motociclistas.
“O fator viário diz respeito às condições da via, se a pista está molhada ou não, esburacada e se a sinalização é boa. O veicular diz respeito às condições do veículo, se pneus e freios estão em boas condições, por exemplo. O principal é o aspecto humano, pois quem tem de agir de forma prudente é o condutor”.
Para a especialista em trânsito Roberta Torres, esse cenário negativo é visto em todo o País. “Ano após ano, os motociclistas vêm sendo as principais vítimas de acidentes. É um problema sério que precisa ser tratado em nível nacional”.
Antony reitera que o motociclista, quando pratica a imprudência, se expõe a um risco que ele não consegue controlar. “Ele é o principal promotor da sua própria segurança. Enquanto não houver essa conscientização, a gente infelizmente vai continuar vendo os números elevados dessa violência diária”.
Durante o Carnaval, em rodovias federais, uma morte foi registrada envolvendo motociclista, na Serra. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal Wylis Lyra dá dicas de como os condutores devem ter atenção às condutas pessoais, como participantes do trânsito.
“O motociclista deve ter atenção redobrada, visto que a moto tem estabilidade reduzida. Precisa ser visto pelos demais, especialmente veículos de grande porte. Deve garantir uma distância segura de outros veículos, transitar com faróis acesos e usar corretamente os equipamentos de segurança”.
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O motociclista Davi Luiz de Amorim Thomaz, de 22 anos, morreu na noite da última quarta-feira após um acidente envolvendo um ônibus em um cruzamento no bairro Barramares, em Vila Velha.
Segundo testemunhas, ele seguia no sentido contrário ao veículo, não viu o coletivo e bateu na lateral. A Polícia Militar foi acionada para ir até o local do acidente e, quando chegou, encontrou a moto e o rapaz caídos e o ônibus parado. A vítima estava em sua última entrega.
O motorista, de 46 anos, permaneceu no local do acidente e fez o teste do bafômetro, que deu negativo. Ele contou que seguia pela avenida Daniella Perez, sentido Rodovia ES-060, no cruzamento com a rua Elioterio Guedes, quando foi surpreendido pela moto, que colidiu no veículo.
Segundo uma moradora do bairro, uma costureira de 36 anos, o cruzamento é bastante perigoso. “Só ficar um tempinho na rua que você vê os motoristas passando em alta velocidade”.
O corpo de Davi foi levado para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória. Ele fazia um curso técnico em Enfermagem, e o trabalho de motoboy ajudava a pagar o curso.
O condutor do ônibus foi levado até a Delegacia Regional De Vila Velha, onde prestou depoimento e foi liberado. Os policiais observaram que, no local, havia uma placa de pare, no sentido em que o motociclista seguia e, por isso, a suspeita é de que ele não tenha parado, já que o local é escuro e deserto.
“Ele corria atrás dos seus sonhos”
A Tribuna – Como era a sua relação com Davi no dia a dia?
Leidy Oliveira – Morávamos no mesmo bloco. Fui vizinha dele por quase oito anos no bairro Jabaeté, em Vila Velha. Eu morava no primeiro andar e ele, no segundo. Davi sempre foi um menino muito bom e bem educado.
O que mais marcou na sua memória desse tempo que vocês conviveram como vizinhos?
Eu não me esqueço do jeitinho dele, que quando passava sorria para a gente. Era tímido, mas se desse a liberdade a ele, conversava bastante. Sempre falávamos muito da vida e das lutas que passamos dia após dia.
Você considerava ele um exemplo de vida?
Com certeza, ainda mais para um menino novo que mora sozinho. Era um menino muito alegre, trabalhador, que sempre falava para correr atrás dos nossos sonhos, e ele fazia exatamente isso. Os meninos de hoje em dia não pensam tanto no futuro, mas ele era bastante diferente dos demais.
Você acompanhou a evolução dele, correto?
Sim, ele vendia bala-bombom no Terminal de Itaparica, em Vila Velha, para juntar dinheiro e tirar a CNH dele e, logo depois que conseguiu, ele comprou a moto. E só evoluiu, fazia o curso técnico em Enfermagem para crescer mais ainda. Mas, depois que ele começou o curso, não tínhamos muito contato, porque quando não estava trabalhando, estava estudando e se dedicando.
SAIBA MAIS
É preciso ter condução defensiva
Aumento de acidentes
Só em janeiro deste ano, foram 33 motociclistas mortos no Estado, vítimas de acidentes de trânsito. O número representa um aumento de 57,1% em relação ao que foi registrado no mesmo mês do ano passado.
O número de vítimas fatais no trânsito também aumentou. Em janeiro de 2022, foram 46 mortes, enquanto no mesmo mês neste ano, foram 71.
Fatores de risco e dicas
Aspecto viário: diz respeito às condições da via, como asfaltamento, efeitos causados por condições climáticas como as chuvas, existência ou não de buracos e sinalização.
Fator veicular: trata-se das condições físicas do veículo, ou seja, se ele está com a inspeção em dia, especialmente de pneus e freios.
Fator humano: se trata do respeito às normas de trânsito.
Especialistas recomendam a condução defensiva dos motociclistas, ao reduzir a velocidade em cruzamentos, manter distância segura entre veículos, evitar os corredores e não consumir bebidas alcoólicas.
Fonte: Sesp e especialistas consultados.
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