A receita secreta do quindim da dona Nonô
Quindim da doceira Maria Elinor Kroeff, de 91 anos, moradora do centro de Vitória, faz a felicidade de mais de 500 clientes cativos
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Uma receita especial, mantida em segredo e feita com muito carinho, encanta os moradores do centro da capital e da Grande Vitória há mais de 30 anos. É o quindim da doceira Maria Elinor Kroeff, de 91 anos, mais conhecida como dona Nonô.
Dona Nonô tem mais de 500 clientes cativos e abastece 12 restaurantes da região, além de receber encomendas para festas de aniversários, casamentos e datas comemorativas.
“A minha receita é especial porque cada um tem o seu toque. Aperfeiçoamos a massa, mas mantivemos a tradição. No quindim, você tem que manter as medidas certas, tudo tem que ser bem pesado e medido”, contou, mantendo o segredo do sucesso de sua receita.
É na cozinha de dona Nonô que as iguarias ganham forma. Ela conta com a ajuda do neto mais novo, João Paulo, de 30 anos, na produção das delícias. Nos finais de semana, o número de quindins produzidos chega a 500. “Mas sempre tem movimento durante a semana também”, disse ela.
Nascida na cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul, dona Nonô veio para o Espírito Santo, mais precisamente para Vila Velha, com quatro anos de idade.
“Eu me considero capixaba, com certeza”, afirmou. Foi na fábrica de derivados de carne do pai, em Cariacica, onde também morou, que ela aprendeu a receita.
“Nessa fábrica, tinha uma amiga do meu pai que sabia fazer quindim. Eu tinha uns 18 anos na época. A gente fazia só para comer mesmo”, recordou. O início da venda dos quitutes veio há mais de três décadas, quando o dono de uma churrascaria em Vitória precisou de encomendas.
“A moça que fazia quindins para a churrascaria adoeceu. Foi aí que contaram para o dono que eu também sabia fazer. Desde então, não parei mais de receber encomendas”, disse dona Nonô.
Foi no centro de Vitória que ela escolheu viver, há 32 anos. “Eu digo que o Parque Moscoso é o meu quintal. Sinto muita felicidade de viver aqui”. Além do neto João Paulo, ela mora com a filha mais nova, Cristina Maria Kroeff, de 62 anos, e com a neta Brunella de Assis, de 35 anos.
A longa trajetória de vida e de trabalho na cozinha lhe rendeu amizades e reconhecimento. Dona Nonô tem clientes que compram seu quindim há mais de 10 anos. “Tem gente que me abraça e eu nem sei o nome. Recebo um carinho muito grande das pessoas”.
Sucesso com os doces
Oportunidade
Bolos, pudim, geladinho gourmet e tortas fazem parte do cardápio da confeitaria Lorena Doces, no centro de Vitória. Juntos há 10 anos, Lorena Diogo, 36 anos, e Ramiro Antonio, 34, comemoram os frutos do negócio.
O carro-chefe que não pode faltar é o bolo “black velvet”. Por dia, são em média dois bolos, totalizando 20 fatias, para atender à demanda.
Lorena sempre fez doces como fonte de renda extra, mas foi Ramiro quem deu a ideia de transformar a atividade em ganha-pão. “A pandemia de covid chegou e resolvemos abrir um delivery. No ano passado, abrimos nosso comércio e tem sido um sucesso”, disse ele. “Gerir um negócio não é fácil, mas hoje estamos muito realizados”, completou Lorena.
Memórias afetivas
Há três anos, a empresária e confeiteira artesanal Paolla Laranja, de 41 anos, abriu um ateliê no Parque Moscoso, em Vitória.
A história com a confeitaria começou com o nascimento do filho mais velho, Miguel, de 8 anos. “Queria passar mais tempo com ele, acompanhar o crescimento”, contou ela, que também é mãe de Angelo, de 4 anos.
É justamente na conexão com a família que Paolla aposta. “Meu objetivo é trazer memórias afetivas. A ideia é que você coma o doce e lembre da infância”. Além do ateliê, ela trabalha com pronta-entrega, food truck, encomendas e delivery.
Saiba mais
Quindim surgiu em Portugal
História
- O quindim surgiu em Portugal, quando as freiras dos conventos resolveram dar utilidade às gemas dos ovos, cujas claras eram usadas para engomar suas roupas.
- Batizado de brisa do lis, o doce tinha como ingredientes as gemas, açúcar e amêndoas.
- Durante a colonização do Brasil, o doce, que ganhou popularidade em terras portuguesas, foi adaptado.
- Na falta de amêndoas, a iguaria passou a levar outro ingrediente em sua receita: o coco, abundante em solo brasileiro.
Fonte: Pesquisa A Tribuna.
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