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Cidades

“A 'demência digital' é uma catástrofe social”, diz psicoterapeuta

Especialista explica que o uso de telas está prejudicando várias áreas da vida, não só de crianças e adolescentes, mas também de adultos


Imagem ilustrativa da imagem “A 'demência digital' é uma catástrofe social”, diz psicoterapeuta
Leo Fraiman observa que os pais devem ter uma postura educativa. |  Foto: Reprodução/Internet

O excesso do uso de telas está em níveis descontrolados e preocupantes. É o que alerta o psicoterapeuta Leo Fraiman, mestre em  Psicologia Educacional e do Desenvolvimento Humano.  

O professor, que tem mais de 20 livro e mais de 30 anos de experiência na área da educação, diz que o uso de telas está prejudicando várias áreas da vida, não só das crianças e adolescentes, mas dos adultos também. 

Segundo ele, o uso  descontrolado dessas tecnologias pode causar o que ele tem chamado de “demência digital”, que traz prejuízos no aprendizado e até mesmo na forma de se relacionar com o outro.

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A Tribuna –   Qual o perigo das telas ao cérebro da criança? 

Leo Fraiman – É  fundamental proteger o cérebro das crianças e dos adolescentes em relação ao uso abusivo das telas e novas tecnologias. 

Principalmente por serem essas duas etapas de expansão e poda sináptica, ou seja, são criadas novas conexões e aquelas desnecessárias deixam de existir. São duas janelas de oportunidade, como chamamos dentro da neurociência,  em que o cérebro tende a refinar a sua capacidade cognitiva.

Caso exista uso abusivo de telas, sejam elas videogames, smartphones, tablets ou jogos, existem perigos sérios em várias áreas do desenvolvimento da criança e  do adolescente. Isso pode trazer efeitos nocivos para o corpo, as emoções, a cognição e o sono. 

Ainda é possível proteger mesmo depois de tanto tempo de isolamento, aulas on-line e diversão em frente de telas?

Não é apenas possível, mas necessário. O consumo atual de telas não está grande, exagerado, ele está absolutamente fora de controle   do ponto de vista da ciência.

Nós, como adultos responsáveis, precisamos entender que,  se por um lado é difícil dizer 'não',  é fundamental aprender a dizer 'sim'. 

Sim para o uso de tela em tempo adequado,   em locais e momentos adequados. Esquecer disso pode ter causas prejudiciais, às vezes até irreversíveis. 

O que é a “demência digital” que você fala em suas palestras? 

A demência, por si, é uma síndrome, uma série de sintomas que deterioram as funções cognitivas, de como nós pensamos,  processamos a realidade, o pensamento.

Então, a demência,  pode ser entendida como um conjunto de sintomas que se desenvolvem mostrando dificuldade na forma de pensar, raciocinar, julgar, memorizar, se concentrar.

Isso não é um exagero, ao contrário, vemos hoje pessoas que já não conseguem ler uma página sem se  desconcentrar. Crianças que têm uma dificuldade enorme para  ler 10 páginas de um livro. Isso é terrível! 

Em um mundo em que a sabedoria se faz tão essencial,  em que a informação virou um commodity, e que   já não é um diferencial saber acessar informações, o grande diferencial é saber como usá-las. Então,  a possibilidade  da 'demência digital' é uma catástrofe social.

A demência digital é um problema generalizado?

Infelizmente, sim! A demência digital é, cada vez mais, um sintoma do nosso tempo. É claro que não são só as telas, existe também um consumo exagerado de farinha branca, de açúcar, um nível crescente de sedentarismo, um consumo grande de álcool e outras drogas.

Infelizmente, a nossa sociedade tem uma série de vícios  que  se somam,  mas sem dúvida a demência digital, as telas, ocupam  um fator bastante prejudicial. 

Pode trazer problemas para a sociedade no futuro?

As possíveis consequências da demência digital vão para várias áreas da vida  e, por isso, elas são tão perigosas. 

Hoje, já há uma série de estudos associando o uso excessivo de telas com dificuldade na maturidade, porque há um aumento do sedentarismo, com consequente obesidade e várias outras doenças que se desenvolvem a partir disso. 

Do ponto de vista emocional, é fácil identificar mais agressividade no pensar, no sentir e no agir e, consequentemente,  menos empatia. Maiores níveis de depressão, de narcisismo e, com tudo isso, a desesperança acaba se instalando. 

Porque, do ponto de vista emocional, quando uma pessoa tem o sistema de recompensa hiperutilizado, ou seja, há um excesso de dopamina causada pelos games, pelas horas não dormidas de sono, pelas incansáveis telas, o indivíduo fica mais hipersensibilizado no sistema de recompensa e,  por consequência, fica menos sensível ao outro, à vida, a estar no momento presente.

Há consequências também do ponto de vista cognitivo, na linguagem, na concentração, com maior incidência de comportamento de riscos, e por aí vai.

Como os pais podem lidar com isso? 

Existem três grandes posturas em relação a como os pais lidam com isso. Tem os negligentes, autoritários e as posturas educativas. 

Claro que aqui é exatamente nesta ordem que se dá o nível de eficácia. Os pais negligentes não estão nem aí, não fazem nada, e os efeitos são catastróficos. 

Já os pais autoritários têm alguma chance. Colocando regras, horários, restrições ao acesso ou download de jogos, de conteúdos inadequados,   eles conseguem sim um avanço. Tem sim a hora e o lugar em que ‘não’ é ‘não’ e ponto final, porque cabe sim ao adulto proteger a criança e o adolescente, inclusive de si mesmo. 

Existe hora para autoridade! Não quer dizer autoritarismo, violência, agressividade, muito pelo contrário, autoridade é uma forma de amor. É uma maneira de o pai, da mãe dizer ‘eu te amo e, por isto,  estou te protegendo daquilo que é inadequado, disfuncional ou insalubre para você’.

Como seria a postura educativa?

É aquela que busca explicar para a criança, para o adolescente, quais os efeitos, quais os problemas e quais as alternativas que ela tem. Então, por exemplo, ‘você vai dormir até tal horário, o telefone de todos nós da casa vai ficar na caixinha do detox, porque esse é o jeito que nós vivemos. Olha, filho, nosso combinado em relação à tecnologia é não ter celular na mesa, então coloque ali pra nós almoçarmos em paz’. Essa é a postura educativa.

Claro que dá muito mais trabalho viver assim, mas em educação tudo dá trabalho. As pesquisas mostram que, quando pai e a mãe se esforçam para explicar os porquês das regras, elas têm mais chances de serem efetivadas, porque são internalizadas e a pessoa acaba se tornando parte da solução porque ela se sente ouvida. 

Se vierem choro, birras e rebeldia, o que se pode fazer, em primeiro lugar, é acolher. Mas não  significa resolver as questões  para a criança ou o adolescente. Claro que um hábito que  às vezes até se tornou um vício,  que levou anos para ser construído, não vai ser desconstruído em poucos dias.

Mas é sempre a partir da serenidade, do empoderamento do adulto, que a criança começa a entender que as regras mudaram e que a casa mudou e agora ela vai se sentindo mais cuidada. Vai entendendo que há alguma negociação, mas não há margem para permissividade.


PERFIL


Leo Fraiman

Psicoterapeuta, orientador profissional e  supervisor clínico. 

Especialista em Psicologia Educacional e mestre em  Psicologia Educacional e do Desenvolvimento Humano pela USP.

Master Pratictioner pela  Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL).

Autor de mais de 20 livros. Entre  eles o campeão nacional de vendas  “Pensar, Sentir e Agir”. Foi condecorado com a Medalha da Ordem do Mérito da Força da Paz do Brasil.

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