Confira as novas descobertas da Ciência sobre a felicidade
Estudos mostram que a alimentação influencia no humor e que não há relação entre depressão e baixos níveis do hormônio serotonina
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A felicidade fascina a humanidade há muitos anos. Desde os primeiros filósofos, os seres humanos buscam descobrir o que é e como ser feliz.
Mas, nos últimos anos, o assunto que sempre foi objeto de poemas e conceitos filosóficos tem movimentado a ciência. Estudos e experimentos do cérebro têm ajudado a entender o que é e como a felicidade pode ser alcançada.
A Ciência da Felicidade ainda é uma vertente recente, mas já mostra novidades sobre o assunto. Um estudo conseguiu identificar a área do cérebro relacionada à felicidade e à molécula que ajuda a gravar lembranças positivas.
Outra novidade foi descoberta por um grupo de cientistas ingleses, que concluiu que não há relação entre depressão e baixos níveis de serotonina, considerado o hormônio da felicidade, no cérebro.
“Se pensarmos que a maioria dos antidepressivos atua no controle da serotonina, nos leva à dúvida se realmente estamos tratando adequadamente a depressão. Ao mesmo tempo, estudos com antidepressivos com atuação serotoninérgica tiveram efeito positivo em relação ao controle com placebo”, pondera a médica Thais Silveira.
Especializada em psiquiatria, a médica ajuda a entender que o problema não está no tratamento. “A conclusão é que não apenas a serotonina está envolvida, como outras regiões cerebrais e outras funções”.
Um outro estudo, destacado pelo cientista da felicidade Gustavo Arns, entre vários, é sobre os 500 milhões de neurônios do intestino. “Com isso, nosso intestino é nosso segundo cérebro e ele possui um papel central no nosso bem-estar. Hoje sabemos que comidas ultraprocessadas, inclusive, influenciam negativamente no nosso humor”.
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Segundo os especialistas no assunto, a Ciência da Felicidade está baseada em estudos da psicologia positiva, neurociência e inteligência emocional.
“A psicologia positiva, aliada ao entendimento de como o cérebro funciona, com o desenvolvimento da neurociência, conseguiu avanços gigantescos nessa área. São cientistas de todo o mundo, das melhores universidades, pesquisando sobre o assunto. E a ‘má notícia’ é que não há uma fórmula mágica”, diz a neuropsicóloga especialista em Ciência da Felicidade Sandra Teschner.
“Ser grata todos os dias muda tudo”
Quem conhece a empresária Grasielli Ricardo Ribeiro, 34 anos, sabe que com ela tempo ruim não dura muito e o alto-astral é sempre prioridade. Ela conta que sempre foi uma pessoa feliz e animada e que o segredo é ser grata todos os dias.
“Tento sempre ver o lado bom das coisas, deixando fluir com mais leveza. O que me mantém sempre alegre e feliz é a fé, minha família, amigos e meu trabalho também. Ter pessoas do meu lado que me inspiram a ser a cada dia melhor. Ser grata todos os dias é o que muda tudo”, conta.
FIQUE POR DENTRO
O que é a ciência da felicidade?
É a área que se dedica a estudar, de maneira científica, sobre o entendimento do sentimento de felicidade, como ele se aplica no dia a dia, formas de prolongá-lo e maneiras de inseri-lo nas pequenas coisas que nos acontecem no dia a dia, com o objetivo de sermos realmente felizes e com propósito.
Foi no início dos anos 2000 que o termo Ciência da Felicidade passou a fazer parte da academia com o surgimento da Psicologia Positiva.
Atualmente, compreende-se o campo da Ciência da Felicidade como um campo multidisciplinar composto por três principais pilares: psicologia positiva, neurociência e ciência das emoções, que é a inteligência emocional.
Quarteto da felicidade
A neurociência acredita que a felicidade está no equilíbrio de quatro neurotransmissores:
1. Serotonina: produzida a partir do triptofano. Então, uma alimentação saudável pode influenciar na sua concentração. Alimentos como vinho tinto, banana e tomate são recomendados, além da atividade física, exposição ao sol e atividades relaxantes.
2. Endorfina: principal hormônio do bem-estar, sendo ainda um analgésico natural e fortalecedor do sistema imunológico. É produzido pela hipófise sob estímulo de atividade física, comer chocolate amargo e dançar.
3. Ocitocina: é o hormônio do amor, relacionado à maternidade. É produzida no hipotálamo, liberada com a amamentação, carinho em pessoas especiais e em animais, e com práticas de ações que geram sensação de afeto.
4. Dopamina: se associa mais ao circuito da recompensa, relacionada também a funções cognitivas e cardíaca. Pode ser liberada após a sensação de dever cumprido. Ter uma rotina com metas a serem cumpridas é uma boa forma de estimular sua liberação.
DESCOBERTAS
Região da felicidade
um estudo publicado no Journal of Neuroscience (Jornal da Neurociência) demonstrou, a partir de análises de imagens cerebrais, que pessoas felizes e otimistas têm uma região do cérebro com destacada atividade: o estriado ventral.
O trabalho mostrou uma relação entre a ativação prolongada dessa parte do cérebro e o prolongamento de emoções positivas. Pessoas com níveis de atividade diferenciada no estriado ventral apresentavam índices mais altos de bem-estar psicológico e taxas mais baixas de cortisol, o hormônio do estresse e que, em patamares mais elevados, vem sendo associado também a um aumento das inflamações.
Já um estudo da Universidade de Kyoto, no Japão, publicado na revista Nature Scientific Reports, mostrou que indivíduos que se autoavaliam como mais felizes e satisfeitos com a vida possuíam precuneus, uma região do cérebro, maior. Os pesquisadores acreditam que tanto o número de neurônios quanto a ramificação podem contribuir para que ocorra um aumento de volume dessa massa.
Além dos antidepressivos
No ano passado, um trabalho publicado por cientistas ingleses concluiu que não existe relação entre a depressão e baixos níveis de serotonina, considerado o hormônio da felicidade, no cérebro. A descoberta chama atenção dos especialistas porque a maior parte dos antidepressivos trata os níveis de serotonina.
A conclusão dos pesquisadores foi de que a felicidade está além dos níveis desse hormônio no cérebro.
Memórias positivas
Cientistas descobriram que o cérebro gasta mais energia para guardar uma memória positiva e, por isso, ele pode ser naturalmente pessimista. Em julho do ano passado, cientistas americanos descobriram, em uma experiência com ratos, a neurotensina, uma molécula responsável pela classificação das memórias como positivas ou negativas.
O estudo demonstrou que o cérebro precisa fazer mais esforço, produzindo a neurotensina, para gravar memórias boas. Existe uma propensão à negatividade; e isso pode ser proposital, para fortalecer o mecanismo de sobrevivência.
A principal tese dos pesquisadores é que se a neurotensina ficar em níveis cronicamente baixos, aumenta o risco para depressão e ansiedade. A molécula também ajuda a controlar a quantidade de dopamina no cérebro.
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