A cada dois dias, um ciclista ou pedestre morre atropelado
Imprudência é a principal causa, dizem especialistas. No prazo de um ano e meio, número de mortes no Estado chega a 247
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A cada dois dias um ciclista ou pedestre morre atropelado no Estado. A principal causa é a imprudência.
Somente no primeiro semestre deste ano, 66 pedestres e 19 ciclistas foram atropelados e morreram, totalizando 85 vítimas fatais.
Se considerar o total de vítimas fatais em 18 meses (2023 e no primeiro semestre deste ano), o total de óbitos salta para 247, sendo 71 ciclistas e 176 pedestres.
Ao fazer um recorte sobre imprudência, o titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito, delegado Maurício Gonçalves, ressalta que a desobediência de sinalização semafórica é campeã de atropelamentos.
Os principais causadores de atropelamentos, em sua maioria, são os veículos de maior porte, embora pedestres e ciclistas também se arrisquem em meio aos veículos de maior porte, a exemplo do que A Tribuna constatou na última sexta-feira. Em um dos flagrantes da reportagem, além de atravessar fora da faixa de pedestre, uma mulher olhava o celular.
Segundo o delegado, a pena prevista para quem pratica homicídio culposo (sem intenção) na direção de veículo automotor é de detenção de 2 a 4 anos.
No entanto, ele ressalta que há qualificadores para esse crime. Por exemplo, se o condutor não tiver carteira de habilitação, praticar o crime na faixa de pedestre e deixar de prestar socorro. Nesse caso, a pena é aumentada em um terço.
Se a conduta for constatada com dolo eventual (quando o agente não quer atingir o resultado certo, mas assume o risco de produzi-lo), o condutor será enquadrado no artigo 121 do Código Penal, com pena que varia de seis meses a 20 anos de reclusão.
Fernando Stockler, diretor de Segurança no Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), destaca que cada um, seja motorista, ciclista ou pedestre, tem a responsabilidade de tornar a via um lugar de convivência e respeito.
Especialista em trânsito e membro do Movimento Capixaba para Salvar Vidas no Trânsito, André Cerqueira confirma que os mais vulneráveis são primeiro os pedestres e depois os ciclistas.
“Existe uma motivação simples que, infelizmente, não é seguida, conforme o Código de Trânsito, que diz que o maior é sempre responsável pelo menor, mas, na prática, quando estão no veículo as pessoas tendem a estar no empoderamento, como se o pedestre ou ciclista não fizessem parte do trânsito”.
O QUE ELES DIZEM
Velocidade superior
“A legislação de trânsito prevê que o veículo maior tem que zelar pelo veículo menor. A Secretaria Nacional de Trânsito, inclusive, publicou recentemente no seu Instagram oficial uma estatística que diz que o atropelamento de uma pessoa a 60 km/h tem o mesmo risco de óbito de uma queda de uma pessoa do 6º andar de um edifício.
A gente sabe que os veículos geralmente andam a uma velocidade superior a máxima permitida pela via, o que potencializa o risco de mortes”.
Fernando Stockler,
Diretor de Segurança no Trânsito do Detran-ES
Desatenção
“Infelizmente, o respeito e a colaboração no trânsito ainda estão bem distantes da realidade do dia a dia. Os veículos maiores, por lei, devem respeitar os menores, os mais vulneráveis, que são os pedestres e depois os ciclistas.
No meu entendimento, a desatenção é a maior causa dos acidentes nas vias e rodovias.
O nível de desatenção no trânsito, de todos nós, vem piorando muito nos últimos anos, e isso inclui também os ciclistas e pedestres”.
André Cerqueira,
Especialista em trânsito
Mortes no trânsito
Atropelada na Serra
Um menino de 11 anos morreu atropelado por um ônibus do Transcol em abril deste ano, no bairro Cidade Continental, na Serra. Ele foi socorrido por populares e o Samu foi acionado, mas o menino não resistiu aos ferimentos e morreu na ambulância.
A criança, identificada como Edgard Pereira Loures, estava a caminho da escola quando resolveu parar para comprar doces. De acordo com colegas, ele teria sido atropelado ao sair de uma padaria e atravessar a rua.
Menina de 8 anos não resistiu
Era janeiro deste ano, quando a pequena Hevellyn Beatriz Braga Pereira, de apenas 8 anos, foi atropelada na estrada Ayrton Senna, em Jabaeté, no município de Vila Velha.
Familiares contaram à imprensa, na época, que a mãe da criança estava levando a filha de 2 anos para o hospital e aguardava um carro de aplicativo chegar.
Enquanto esperava o motorista de aplicativo, Hevellyn, de 8 anos, atravessou a rua sem olhar e acabou sendo atropelada.
A motorista do veículo que atropelou a menina levou a criança à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zilda Arns, localizada em Riviera da Barra, em Vila Velha, mas a vítima não resistiu aos ferimentos.
Morte na Rodovia do Sol
Em fevereiro deste ano, uma pessoa morreu e outra ficou ferida após um atropelamento na Rodovia do Sol, na altura da Barra do Jucu, em Vila Velha. O acidente envolveu um táxi e duas bicicletas.
A vítima fatal era enfermeira e foi identificada como Lucinete Lopes Endlish, de 50 anos. Segundo informações do Tribuna Notícias, ela foi atropelada por um taxista juntamente com o seu marido, de 55 anos, que foi socorrido para o Hospital São Lucas, em Vitória. Ela morreu na hora.
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