43% das crianças de até 12 anos têm celular, diz pesquisa
Levantamento também aponta que a maioria dos pais com filhos em idade escolar concorda com a proibição do uso em salas de aula
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Em meio às discussões sobre o possível veto em todos o País do uso de celulares nas escolas públicas e privadas, uma pesquisa do Instituto Datafolha apontou que quase metade das crianças de até 12 anos de idade já possui um aparelho. O levantamento também apontou que a maioria dos pais concorda com a proibição.
Segundo a pesquisa, 43% dos pais de crianças de até 12 anos dizem que seus filhos já têm aparelho celular próprio, e até 18 anos, 50%.
A maioria dos brasileiros a partir dos 16 anos é favorável à proibição do uso de celulares por crianças e adolescentes nas escolas, tanto em sala de aula quanto nos intervalos. De acordo com o Datafolha, 62% da população apoia o banimento. Na parcela que tem filhos de até 12 ou de até 18 anos o apoio à proibição é um pouco maior: 65%.
É ainda maior o número dos que consideram que o celular traz mais prejuízos do que benefícios ao aprendizado de crianças e adolescentes: 76% da população e 78% entre os que são pais de crianças.
O instituto entrevistou presencialmente uma amostra de 2.029 pessoas, representativa da população brasileira com 16 anos ou mais, em 113 municípios do País, nos últimos dias 7 e 8 de outubro. A margem de erro geral é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%. No recorte dos pais com filhos até 12 ou 18 anos, a margem de erro é de quatro pontos.
As mulheres se mostram ainda mais preocupadas do que os homens com os prejuízos do celular ao aprendizado de crianças e jovens: 78% delas acham que o aparelho traz mais prejuízos do que benefícios, ante 73% da população masculina (no recorte de gênero, a margem de erro é de 3 pontos).
O apoio à proibição nas escolas é maior entre aqueles com mais escolaridade. Dentre os que estudaram até o ensino superior, 69% são favoráveis, ante 59% que têm até o ensino fundamental (para o recorte de escolaridade, a margem de erro varia de 3 a 5 pontos).
Os resultados da pesquisa trazem à tona a crescente preocupação das famílias com os prejuízos causados pelo uso de celular na infância e na adolescência, tanto ao aprendizado quanto à saúde física e mental.
Uma série de estudos tem relacionado a utilização do aparelho ao aumento de depressão, ansiedade, automutilação e suicídio entre crianças e jovens, além da redução do desempenho escolar, inclusive nos países com os melhores índices de educação do mundo.
Projeto sobre proibição será apresentado neste mês
O governo federal pretende divulgar ainda neste mês um pacote de medidas contra o uso excessivo de telas na infância e na adolescência. As ações vêm sendo elaboradas pelo MEC (Ministério da Educação) e pelo Planalto. A ideia é que o projeto de lei dos celulares faça parte desse pacote.
Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em julho, sugeriu que os celulares fossem banidos de ambientes escolares.
Esse tipo de restrição já é adotada em países como França, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Canadá, Suíça e México.
Atualmente, 20 estados já até possuem leis similares, mas apenas 12% de suas escolas declararam adotar a medida de fato, de acordo com a pesquisa TIC Educação 2023 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Ainda de acordo com a TIC Educação 2023, 33% das escolas municipais e 29% das privadas também baniram completamente o uso de celulares.
O levantamento mostra ainda que esse fenômeno tem começado pelas crianças menores: 42% dos colégios até o 5º ano do ensino fundamental já tomaram essa medida.
Já entre aqueles que possuem até o ensino médio, esse índice cai para 7%. O MEC analisa as experiências no Brasil e fora do País para definir o que mandará ao Congresso.
ENTENDA O CASO
Proibição de celular nas escolas
O Ministério da Educação (MEC) deve divulgar ainda em outubro um projeto de lei que irá proibir o uso de celulares em escolas públicas e privadas em todo o Brasil.
A preocupação é deixar claro que o banimento não significa que a escola poderá abrir mão de seu papel de educar os alunos para uma relação crítica e saudável com as mídias. A proibição deverá ser acompanhada de um conjunto de ações da chamada educação midiática.
Essa é uma apreensão de educadores que tem sido recebida pelo MEC, e o debate caminha para que a proposta deixe claro que o fato de o celular não ser liberado na escola não impede que os alunos aprendam a refletir sobre o seu uso.
O projeto do governo federal deverá liberar o uso pedagógico do celular, desde que autorizada pelo professor
Atualmente, 20 estados já até possuem leis similares, mas apenas 12% de suas escolas declararam adotar a medida de fato.
Ao todo, 33% das escolas municipais e 29% das privadas baniram completamente o uso de celulares. O levantamento mostra que o fenômeno tem começado pelas crianças menores: 42% dos colégios até o 5º ano do ensino fundamental já tomaram essa medida.
Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sugeriu que os celulares fossem banidos de ambientes escolares. Esse tipo de restrição já é adotada em países como França, EUA, Finlândia, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Canadá, Suíça e México.
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