"Não tem nada para lá para mim", diz nigeriano que chegou ao ES escondido em navio
"Minha família é humilde. A insegurança é tremenda. Há terrorismo”, afirmou Roman Ebimene Friday
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O soldador nigeriano Roman Ebimene Friday, de 35 anos, se escondeu em um leme de navio com a expectativa de ir à Europa. Porém, após 14 dias, ele e mais três conterrâneos chegaram ao Brasil, mais especificamente ao Porto de Vitória.
Tudo começou quando eles partiram a bordo de um navio de carga de Lago, na Nigéria, no dia 27 de junho. Ele já tinha tentado uma vez, mas foi descoberto e ficou preso por cinco meses.
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"Foi um período muito difícil. E eu só pensava que tinha que tentar de novo. Não tem trabalho, não tem nada para mim na Nigéria. Minha família é humilde. A insegurança é tremenda. Há terrorismo”, disse Ebimene ao portal O Globo.
Segundo a publicação, Ebimene conheceu um pescador que o ajudou a entrar no navio sem cobrar nada por isso. Ele tinha o sonho de ir para Londres e não contou para a família o que iria fazer, somente que iria viajar.
Ele e os outros africanos não se conheciam até entrarem no graneleiro Ken Wave, de bandeira da Libéria. Eles ficaram num espaço de três metros de comprimento por três de largura, revezavam-se para dormir, comer e observar o caminho. No décimo, dia, ficaram sem comida e sem água.
No dia 10 de julho, chegaram ao Porto de Vitória, sendo resgatados por agentes da Polícia Federal.
"A primeira coisa que fiz foi perguntar a eles onde estávamos. Quando responderam “Brasil”, tomei um susto. Tive que perguntar quatro vezes porque a ficha não caía. A primeira palavra que me veio à mente foi o (jogador) Kaká. Depois Ronaldinho, Rivaldo. Não fiquei desapontado por ter chegado ao Brasil. Só que realmente não esperava. E fiquei feliz. Me sentia tão fraco que mal conseguia falar. Acho que tomei uns dez litros de água de uma vez", revelou.
Dois deles decidiram voltar para a Nigéria. Ebimene e outro nigeriano pediram refúgio ao Brasil e foram para São Paulo porque, segundo disseram à publicação, há mais oportunidades para recomeçar.
Eles tiraram documentos e estão aprendendo a falar português.
"Viemos a São Paulo porque disseram que teríamos mais chances aqui. Em Vitoria, não havia muitas pessoas que falassem inglês. As pessoas têm sido receptivas, amigáveis. São Paulo parece interessante. Achei só que fosse encontrar mais negros. Não sabia que havia tantos brancos no Brasil. Sempre ouvíamos que o Brasil era como a África. Estou muito agradecido de estar aqui", contou Ebimene ao jornal O Globo.
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