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Brasil

Ministério Público investiga médica por alegações falsas sobre vacina de HPV

O inquérito acompanha uma representação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) contra a médica


Imagem ilustrativa da imagem Ministério Público investiga médica por alegações falsas sobre vacina de HPV
Médica é investigada por alegações falsas contra vacina de HPV |  Foto: Arquivo/AT

O Ministério Público paulista abriu inquérito no último dia 17 contra uma médica por propagar informações falsas sobre a vacina contra HPV (papilomavírus humano).

O inquérito acompanha uma representação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) contra a médica por veicular nas redes dela, sem apresentar evidências ou fonte das informações, que a imunização contra o HPV no Reino Unido provocou aumento da incidência de câncer de colo de útero em mulheres de 20 a 25 anos de idade, três anos após a vacinação.

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Segundo a promotora do caso, Luciana Bergamo, da Promotoria da Infância e Juventude da Capital, a abertura da investigação leva em conta as prováveis consequências para a saúde das crianças e adolescentes da propagação de notícias falsas sobre vacinação. Não há dados, de acordo com o inquérito, que sustentem o conteúdo divulgado pela médica.

A Promotoria quer que a médica faça a retratação do conteúdo em suas redes sociais e apresente "os devidos esclarecimentos aos seus seguidores e a toda a sociedade para que se minimize a proliferação de fake news".
Por telefone, a médica afirmou à reportagem ser vítima de perseguição e que a promotora "faz ativismo".

Segundo ela, haveria um conflito de interesse por Bergamo ser membro da Sociedade Paulista de Pediatria, afiliada à SBP, que fez a representação. "Não vou aceitar esse tipo de assédio. Solicitarei o afastamento da promotora."

De acordo com a Promotoria, a participação de Bergamo em eventos promovidos por sociedades científicas é praticamente uma exigência para que a atuação do Ministério Público, "pautada pela observância da ordem jurídica, se dê de acordo com os parâmetros da ciência".

A SBP, por sua vez, afirmou que as informações falsas propagadas pela médica têm como consequência causar medo nos pais, familiares e cidadãos. "As reações gravíssimas que a médica cita ocorrem pela doença, e não pela vacinação, uma vez que as vacinas já existem há mais de cem anos e sabemos que os efeitos colaterais são, em geral, leves, como dor, ou uma febre leve."

O HPV é o vírus sexualmente transmissível mais frequente em toda a população. Estima-se que cerca de 80% da população sexualmente ativa já teve contato com o vírus. Ele pode causar verrugas genitais e anais, mas sua manifestação é, muitas vezes, assintomática.

A infecção por HPV pode levar ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como uterino, de boca, cabeça e pescoço. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que mais de 95% dos casos de câncer de colo de útero são provocados pelo vírus.

A vacina do HPV protege contra o câncer e é ofertada pelo Ministério da Saúde para todas as meninas e meninos de 9 a 14 anos de idade, além de pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos.

Serra disse à Folha que tem formação de mais de 35 anos com "especialização em medicina pericial" e que apresentou um trabalho de conclusão de curso sobre "a toxicidade da vacina do HPV segundo revisão da literatura médica". Além disso, afirmou que vai consultar as bases da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde paulista em busca de informações acerca dos efeitos adversos do imunizante.

A agência da vigilância sanitária afirmou à reportagem que "os registros de vacinas para HPV no Brasil seguem válidos e o uso da vacina é seguro e eficiente dentro das indicações aprovadas pela Anvisa".

Quando questionada sobre os dados que corroboram suas alegações, a médica citou "estudos japoneses que demonstraram o mecanismo de ação celular" da vacina. Um deles é do pesquisador Sin Hang Lee, que aparece como associado da Milford Diagnostics, nos Estados Unidos.

Ele teria descrito um mecanismo —chamado de receptores "toll-like", cuja função no organismo é atuar como moduladores inflamatórios— por meio do qual supostamente a vacina teria fragmentos de proteínas que podem entrar no núcleo celular e causar modificações no DNA.

O estudo citado não foi publicado em nenhuma revista científica, e o autor decidiu disponibilizar o manuscrito em um fórum de discussão online, que tem até o momento apenas três citações no Google Scholar, o portal indexador de artigos científicos do Google. Uma página do autor no ResearchGate, espécie de Linkedin de cientistas, mostra que ele tem 12 trabalhos publicados com 39 citações.

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Outra publicação enviada à reportagem pela médica é uma entrevista em que Hang Lee diz a um portal —que se intitula uma organização sem fins lucrativos, mas propaga desinformação sobre vacina— que os três grandes periódicos científicos procurados por ele rejeitaram seu artigo e seriam parte de "um complô da comunidade médica e de fabricantes de vacinas para rejeitar a veiculação livre de ideias".

Já um artigo na revista científica The New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas da área médica, comprova a eficácia da vacina quadrivalente do HPV contra a infecção e doença causada pelo vírus, inclusive com redução de lesões genitais que podem levar ao câncer.

A investigada é médica credenciada no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). De acordo com o site da entidade, a especialidade dela é a otorrinolaringologia.

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