Megaoperação no Rio: “Muro do Bope” foi usado para cercar criminosos
Secretário da Polícia Militar do Rio diz que a estratégia foi criar uma linha de contenção para empurrar os bandidos para a mata
Um dos diferenciais da megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro que terminou com mais de 120 mortos foi a montagem do “Muro do Bope”, linha de contenção formada por agentes de segurança para empurrar os bandidos para o topo do morro, região sem moradias.
O confronto ocorreu em uma área de mata da comunidade, na Serra da Misericórdia. Parte da estratégia foi posicionar policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na área anexa às favelas que era usada como rota de fuga dos criminosos, criando assim o “Muro do Bope”.
O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marcelo de Menezes, explicou as estratégias adotadas na operação.
Operação
Segundo ele, os policiais começaram a operação entrando no Alemão. Em seguida, no Complexo da Penha, a estratégia foi seguir traficantes e levar os criminosos pela trilha de mata até o ponto mais alto, na Serra da Misericórdia.
Já na Serra da Misericórdia, policiais do Bope, que estavam posicionados no topo formaram uma espécie de “muro” para cercar os bandidos que tinham sido empurrados até lá.
“Distribuímos as tropas pelo terreno. O diferencial, em relação às imagens que mostravam criminosos fortemente armados buscando refúgio na área de mata, foi a incursão dos agentes do Bope na parte mais alta da montanha que separa as duas comunidades. Essa ação criou o que chamamos de 'Muro do Bope' — uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha”, detalhou Menezes.
De acordo com a polícia, a grande maioria das mortes teria acontecido neste local de mata, numa região mais alta da Serra da Misericórdia. Segundo Menezes, a ação de “encurralar” os criminosos teve como principal objetivo proteger a população.
“O objetivo era proteger a população e garantir a integridade física dos moradores do Alemão e da Penha. A maioria dos confrontos, ou praticamente todos, ocorreu na área de mata”, garantiu o secretário, frisando que o confronto se iniciou às 6h e terminou às 21h.
Balanço da operação
Mortes
Mais de 120 morreram na megaoperação contra o Comando Vermelho, sendo quatro policiais. Foi a operação mais letal da história do estado.
Moradores do Complexo da Penha afirmaram ter encontrado pelo menos 74 corpos, que foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais da região, ao longo da madrugada.
Já o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, disse que foram 63 corpos achados na mata.
Presos
Mais de 110 foram presos.
Apreensões
A polícia contabilizou 118 armas apreendidas, sendo 91 fuzis. O armamento tem o valor estimado em R$ 5,4 milhões.
Policiais mortos
Rodrigo Velloso Cabral
Estava na polícia havia menos de dois meses. Ele era lotado na 39ª DP (Pavuna), responsável por uma das regiões mais violentas da Zona Norte.
Heber Carvalho da Fonseca
Era 3º sargento do Bope e tinha 39 anos. Antes de morrer, ele e a esposa conversaram por mensagem, pouco depois das 10h. Ele escreveu para ela: “Estou bem. Continua orando”.
Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho
Conhecido como Máskara, Marcus tinha tem 51 anos e foi promovido ao cargo de comissário da 53ª DP (Mesquita) na última segunda-feira.
Cleiton Serafim Gonçalves
Atuava no Batalhão de Operações Especiais. Militar, natural de Mendes, deixou esposa e filha. Ele era ex-guarda municipal de Volta Redonda (RJ).
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