23,3% dos consumidores costumam comprar bebidas abaixo do preço, diz pesquisa
Para os especialistas, isso aumenta o risco de uso abusivo e de intoxicações, como ocorre atualmente com a crise do metanol

A venda de bebidas alcoólicas no Brasil vai além de bares, restaurantes e supermercados. Os consumidores, muitas vezes, procuram por preços mais baratos e compram em locais sem segurança, segundo levantamento da Unifesp.
Para os especialistas, isso aumenta o risco de uso abusivo e de intoxicações, como ocorre atualmente com a crise do metanol.
Segundo a Terceira Pesquisa Nacional sobre Álcool e Drogas (Lenad 3), 23,3% dos brasileiros entrevistados disseram que compram bebidas “bem abaixo do preço normal”. E mais de um terço dos brasileiros (36,4%) já participou de eventos “open bar”, o que o relatório considera perigoso.
Um terço (33%) dos consumidores disseram que compram bebidas em lojas de conveniência em postos de gasolina, 16,7% em camelôs, 15,7% por aplicativos e 14,4% em padarias, locais considerados “não convencionais”.
Clarice Madruga, professora de psiquiatria na Unifesp e coordenadora do levantamento, afirma que, em países como o Canadá e em certos estados dos Estados Unidos, que têm políticas regulatórias adequadas, esses pontos não seriam autorizados para a comercialização de álcool.
Segundo a pesquisadora, a ideia, com esses dados, é chamar a atenção para a grande venda informal de bebidas alcoólicas no País.
“A grande mensagem é a necessidade de licenciamento, que, além de organizar o mercado, também responde à urgência de controlar casos como o do metanol e de bebidas falsificadas, garantindo maior segurança sobre onde e o que está sendo vendido”.
A coleta dos dados foi feita em 2023, com 16.608 participantes em 300 municípios do País, em seus domicílios. A metodologia é de autopreenchimento sigiloso.
O levantamento também investigou o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes de 14 a 17 anos. O estudo indica que 74,7% dos jovens dessa faixa etária que tentaram comprar bebidas no último ano nunca foram barrados por causa da idade.
A maioria obtém álcool em bares e botequins (76,1%), seguida por compras via adultos intermediários (44,9%), ambulantes (34,4%) e aplicativos de entrega (16,4%).
Operação fiscaliza mil bares e restaurantes
Em meio aos casos de intoxicação por metanol, o Procon-SP afirma que agentes do órgão e de Procons de 93 cidades fiscalizaram mais de mil bares e restaurantes no estado, na noite de sexta-feira.
As equipes verificaram procedência e regularidade das bebidas comercializadas, conforme as regras do Código de Defesa do Consumidor (CDC), e orientaram o público sobre os riscos da contaminação.
Durante as abordagens, as equipes distribuíram folhetos com orientações de segurança e boas práticas para comerciantes e clientes. A ação também incluiu explicações em inglês e espanhol a turistas estrangeiros.
De acordo com Luiz Orsatti Filho, diretor executivo do Procon-SP, o objetivo é atuar com o consumidor para que seja restabelecida a confiança nos estabelecimentos.
Como a reutilização indevida de garrafas é um dos principais riscos de contaminação por metanol, os agentes reforçaram as orientações sobre o descarte adequado dos recipientes.
Números
O número de casos confirmados de intoxicação por metanol em São Paulo subiu para 25, de acordo com balanço publicado pelo governo na sexta-feira. Dois deles foram confirmados nas últimas 24 horas antes da divulgação.
Segundo as autoridades, outros 160 casos seguem em investigação. Ao todo, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) descartou 189 casos.
A quantidade de óbitos permanece a mesma. São cinco mortes, três delas na capital paulista. As vítimas tinham 45, 46 e 54 anos.
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