Antídoto do Japão para intoxicação por metanol chega nesta sexta ao ES
O Espírito Santo vai receber 28 unidades de fomepizol. Além dessas doses, 150 ampolas de etanol farmacêutico já estão disponíveis

O Ministério da Saúde recebeu nesta quinta-feira (9) um lote com 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol para reforçar o estoque estratégico do SUS destinado ao tratamento de intoxicações por metanol, associadas ao consumo de bebidas adulteradas.
A distribuição de 1,5 mil doses enviadas de uma empresa japonesa começou nesta quinta-feira (9), com prioridade para São Paulo, que recebeu 288 unidades do medicamento.
Nesta sexta-feira (10), os demais estados que registraram ocorrências suspeitas receberão o antídoto, incluindo o Espírito Santo, que receberá 28 unidades do medicamento.
Além dessas doses, o Estado possui 150 ampolas de antídoto (álcool absoluto estéril, popularmente conhecido como etanol farmacêutico), que podem ser utilizadas em casos emergenciais de suspeita de intoxicação por metanol.
Como parte das medidas adotadas no Espírito Santo, o governo realizou uma compra emergencial do medicamento antídoto ao metanol, segundo reafirmou ontem o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann.
Casos de intoxicação por metanol presente em bebidas alcoólicas produzidas de forma clandestina acenderam um alerta já que, em São Paulo, pessoas foram contaminadas e morreram pela ingestão da substância química, que é altamente tóxica.
Embora muitas vezes seja confundida com uma simples ressaca, a intoxicação por metanol evolui de forma silenciosa e pode levar à cegueira ou até à morte se não houver atendimento médico rápido.
De acordo com a gastroenterologista e hepatologista Mayara Fiorot, que também é professora do Unesc, nas 12 horas após a ingestão, os sinais da intoxicação podem ser pouco específicos porque simulam uma “ressaca convencional” por consumo de álcool.
Segundo ela, os sintomas podem surgir de 8h até 24h após a ingestão, mas em alguns casos só se tornam evidentes depois de 30 horas, especialmente se a pessoa também tiver ingerido etanol, que retarda o metabolismo do metanol.
Essa variação de tempo aumenta o risco de confusão e atraso no diagnóstico. “Se a intoxicação não for identificada e tratada rapidamente, as consequências podem ser dramáticas: cegueira definitiva, insuficiência renal, coma e morte. O prognóstico depende diretamente da rapidez com que a pessoa chega ao hospital e recebe o tratamento adequado”, pontuou.
Caso suspeito segue sendo monitorado na Serra
No Espírito Santo, segundo a Secretaria da Saúde (Sesa), não há casos confirmados de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica.
Atualmente, há 15 casos notificados como suspeitos por intoxicação nos municípios de Colatina, Guaçuí, Serra, Viana, Vila Velha, Cariacica, Marataízes e Vitória. Desses, 14 foram descartados e um está sendo monitorado. O caso suspeito em monitoramento é do município de Serra.
O secretário da Sesa, Tyago Hoffmann, explicou que a notificação de caso suspeito ocorre assim que o paciente dá entrada no serviço de saúde, seja público ou privado.
Se o caso em monitoramento resultar em exames clínicos negativos, o paciente deve ficar em observação por 24 horas no serviço de saúde onde foi atendido, conforme preconiza protocolo do Ministério da Saúde.
Motoboy que ficou 45 dias internado recebe alta

Com passos lentos, mas cheios de significado, o motoboy Wesley Neves Pereira, de 31 anos, deu ontem o passo mais esperado dos últimos 45 dias: o de voltar para casa. Ele é mais uma das vítimas que ingeriraram bebida alcoólica contaminada com metanol em São Paulo.
Wesley sofreu um AVC, perdeu a visão e ainda apresenta marcas da traqueostomia na garganta.
Com dificuldades na fala, ele contou que não esquece como tudo começou “naquele sábado de baile funk”. “Compramos a garrafa fechada. Não cheguei a olhar se tinha lacre, não. A gente só bebeu mesmo”. No dia seguinte à festa, ele sentiu uma forte dor abdominal, como se estivesse “queimando”.
“Eu falei: ‘Mãe, está doendo muito, pegando fogo’. Aí ela falou: ‘Calma, filho, calma’”, relembrou.
A intoxicação afetou seus pulmões. Ele relata fraqueza nos movimentos e necessidade de uso contínuo de medicamentos para aliviar as dores nas pernas.
Sobre o futuro, ele disse: “Eu ajudo meu pai e minha mãe. Eu queria poder ajudar. Não poderia ficar doente”.
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