Aposentados ganham a vida com o cultivo de frutas vermelhas no ES
Casal fundou, há menos de dois anos, um negócio artesanal que hoje abastece feiras e empórios e tem clientes de várias partes do País

No coração do famoso distrito de Pedra Azul, em Domingos Martins, na região Serrana do ES, um quintal repleto de morangos, amoras, framboesas e mirtilos orgânicos guarda uma história de recomeço que tem o sabor da superação.
Antônio Geraldo, de 65 anos, e Gilcéa Sunderhus, 61, decidiram que a aposentadoria não seria o fim da jornada, mas sim a oportunidade perfeita para colher novos frutos.
Conhecidos como os “vovôs das frutas”, eles fundaram, há menos de cinco anos, o Na Horta Tem, um pequeno negócio artesanal de doces, geleias e snacks orgânicos, que hoje abastece feiras, empórios e uma clientela fiel de várias partes do Brasil.

Mas por trás de cada pote envasado existe uma trajetória que une trabalho em família, cooperativismo e a certeza de que empreender na terceira idade é mais do que possível: é transformador.
“A gente não queria ficar parado, e a terra sempre fez parte da nossa história. As frutas vermelhas nos deram a chance de começar um novo capítulo. E a escolha por produzir de forma orgânica foi uma questão de respeito à natureza e à saúde de quem consome”, conta Gilcéa.
Essa oportunidade de recomeço surgiu por meio de uma cooperativa financeira, que acreditou no sonho do casal. Foi por meio de projetos voltados para pequenos empreendedores que Antônio e Gilcéa encontraram o suporte necessário para estruturar o ateliê artesanal.
O programa ofereceu o apoio que incentivou desde o cultivo das primeiras mudas até a organização de equipamentos para a produção e embalagem dos produtos.
“Ser cooperado faz toda a diferença. A cooperativa não olha só para números, mas para a nossa história. O Sicoob acreditou na gente quando tudo ainda era só uma ideia no papel”, relembra Antônio.
A essência do cooperativismo, baseada na colaboração e no desenvolvimento das comunidades, se reflete em cada etapa da trajetória do Na Horta Tem.
O casal não apenas vende seus produtos em feiras e eventos regionais, mas também faz questão de valorizar a agricultura familiar, comprando insumos de produtores locais e fortalecendo uma rede de trabalho que vai além do próprio negócio.
“Quando um cresce o outro cresce junto. É assim que a gente enxerga o cooperativismo”, afirma Gilcéa.
Recomeço com reviravoltas
A história de Antônio e Gilcéa é cheia de reviravoltas. Ele, engenheiro civil, teve uma longa trajetória na área de tecnologia, atuando como analista de sistemas. Ela, também analista, dividia o tempo entre projetos de TI e um crescente interesse por alimentação saudável.
Quando a pandemia chegou, o casal decidiu mudar suas vidas e transformar a rotina no campo em um novo projeto de vida. “Envelhecer não pode ser sinônimo de parar”, resume Gilcéa.
As frutas vermelhas cultivadas no quintal são o ponto de partida de uma jornada que combina qualidade de vida, respeito ao meio ambiente e impacto social.
A produção 100% orgânica, feita em pequena escala, conquistou consumidores que buscam sabores autênticos e produtos livres de agrotóxicos. E, mesmo com o crescimento do negócio, o casal busca manter a essência artesanal.
“A gente não quer virar indústria. Nosso sonho é crescer sem perder o cuidado de fazer tudo com as próprias mãos. Esse é o nosso jeito de mostrar que dá para viver do campo com dignidade e propósito”, afirma Antônio.
Enquanto planeja expandir a produção nos próximos anos, o casal permanece fiel ao que chama de “tempo da terra”, um ritmo mais lento, onde cada safra é uma nova chance de recomeçar.
No quintal dos “vovôs das frutas”, cada colherada de doce é um convite para saborear uma história de resiliência, afeto e cooperação.
Produção artesanal, estudos e oficinas

Hoje, Gilcéa divide seu tempo entre a produção artesanal, os estudos na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos e oficinas onde compartilha seu conhecimento sobre empreendedorismo.
Ao lado do marido, Antônio, fundou a marca Na Horta Tem, conhecida pelas frutas vermelhas orgânicas e doces artesanais. Mas foi a linha de snacks desidratados 100% naturais que marcou sua assinatura pessoal.
Unindo técnica e criatividade, ela se especializou em processos de desidratação de frutas, legumes, vegetais e ervas, desenvolvendo produtos nutritivos e orgânicos.
Os rolinhos e fitas de frutas desidratadas, feitos de forma artesanal, se tornaram um sucesso entre consumidores que buscam lanches leves, naturais e sustentáveis. O sonho, no entanto, só ganhou corpo com o apoio do cooperativismo.
Segundo ela, encontrou em uma cooperativa financeira a crença no desenvolvimento de pequenos negócios e valorização dos empreendedores que apostam na produção local. “O cooperativismo nos ensina a olhar para o coletivo. Crescer junto, respeitando o tempo da terra e fortalecendo as relações com outros produtores. O Sicoob sempre conosco”, afirma.
O que eles dizem

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