Centro de Vitória pede paz e tranquilidade
Leitores do Jornal A Tribuna
As mercadorias mais desejadas do mundo são a paz e a tranquilidade. Não é a felicidade e a liberdade, ao contrário do que se imagina. Em todos os cantos, individual ou coletivamente, as pessoas, organizações e grupos sociais, busca-se uma alternativa para alcançá-las, mesmo que, por vezes, isso signifique a supressão do valor “liberdade”, como ensinam Zygmunt Bauman, Christian Dunker e Verónica Gago.
Numa pequena conversa com os moradores do centro de Vitória, do asfalto e dos morros, o debate que emerge, de imediato, é sobre a melhoria da qualidade de vida da localidade, especialmente a luta pela promoção da segurança pública.
As representações formais do centro de Vitória, sejam as associações de moradores ou as associações patronais (sindicatos, cooperativas, dentre outros) diuturnamente, mesmo com diferentes preocupações sociais e políticas, reivindicam dos Poderes Públicos medidas políticas que invertam o processo de declínio econômico da localidade, assim como ações de prevenção contra a violência e a desigualdade socioeconômica que, ainda, marca a localidade.
Uma usina de ideias manifesta em ofícios, reuniões, abaixo-assinados e protestos mobiliza os moradores do centro de Vitória, que já têm o diagnóstico claro dos desafios enfrentado pela região: o problema da herança imobiliária, da segurança pública e da agonia econômica local (região comercial).
Três problemas que indicam um quarto: a ausência da participação efetiva do poder público na construção de um planejamento urbano local que possa responder às diferentes demandas e reivindicações das comunidades que formam o centro de Vitória.
E quando se fala de um planejamento urbano local não se trata de um conjunto de ideias, ações e diretrizes decididos de forma centralizada, por um corpo de especialistas e parte da burocracia estatal.
Não é disso que estamos falando e muito menos dos atores políticos e sociais que têm cotidianamente colocado na cena pública os problemas vividos pelo centro de Vitória.
Trata-se, sim, da construção de um planejamento urbano local cujos sujeitos de produção sejam os moradores do Centro e que os seus objetivos e metas sejam produzidos a partir das demandas e reivindicações eleitas pela coletividade.
Ou seja, que a utopia da paz e da tranquilidade para todos sejam a grande bússola de orientação.
Isso significa que os poderes públicos, estadual e municipal, o capital imobiliário/herança imobiliária e o capital comercial que fazem do centro de Vitória um lugar de uso, assumam a agenda popular de melhorias daqueles que o fazem um lugar de morar.
Igor Vitorino da Silva é professor, mestre em História especialista em Gestão Integrada em Segurança Pública.
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