Covid tornou inviável operação do transporte de passageiros
Leitores do Jornal A Tribuna
O setor de transporte de passageiros vem sendo, desde o ano passado, um dos mais duramente afetados pela pandemia da Covid-19. Em uma analogia com o cenário atual, é coerente afirmar que as empresas do setor estão na UTI, respirando por aparelhos.
Desde março do ano passado, situações inéditas surgiram. Foi necessário prezar pelo afastamento e reinventar as operações, investindo em atualizações e medidas sanitárias para barrar o vírus no transporte e operar com segurança, garantindo a saúde de cidadãos e funcionários.
Isso tudo provocou uma redução drástica no uso do transporte em geral e, principalmente, no transporte coletivo. No Estado, a proibição de circulação de ônibus em março e abril tornaram a situação ainda mais complicada.
Segundo o estimado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o prejuízo acumulado em todo o País, de março do ano passado a fevereiro deste ano, é de R$ 11,75 bilhões. E isso também é decorrente da falta de medidas de socorro emergencial ao setor.
A queda da demanda também contribuiu – e muito – para esse cenário. No início da pandemia, ainda no ano passado, a redução de passageiros nos veículos chegou a 80%. Hoje, o estimado é que temos uma demanda de apenas 40% do número de passageiros do período pré-pandemia.
E isso afeta não apenas os sistemas municipais. No Estado, o modal rodoviário intermunicipal tem um papel fundamental de interligar as cidades e conectar as pessoas. A capilaridade dos ônibus permite que as pessoas cheguem a todos os municípios capixabas, seja nas grandes cidades ou no interior. Essa ligação só é possível através das empresas de ônibus, que oferecem serviços com qualidade e segurança para os passageiros e colaboradores, agora, com mais uma preocupação: trafegar com o menor risco de contágio do novo Coronavírus dentro dos veículos.
Risco esse que já se provou baixo quando as regras de segurança são observadas. Um estudo de março deste ano realizado pelo Imperial College London, constatou que não havia vestígios do vírus na rede de transporte de Londres desde o início da repetição dos testes, em outubro do ano passado.
No Brasil, um estudo realizado no estado de Goiás, também em março, reuniu dados de 54 cidades e concluiu que cidades que não contam com atendimento por transporte coletivo apresentam percentuais de casos e óbitos por Covid-19 semelhantes ou superiores aos municípios que contam com o serviço.
São resultados animadores, para o setor de transporte de passageiros e para a população que precisa se locomover, principalmente os trabalhadores dos serviços essenciais à população. Mas, ainda assim, os anos de 2020 e 2021 estão sendo desafiadores para o transporte coletivo. É uma situação inédita, que exigiu esforços nunca antes implementados. E continuará exigindo dos empresários e do poder público um olhar atendo e contínuo, que possibilite a retomada do equilíbrio econômico das empresas e a viabilidade do setor para o transporte da população.
Jaime de Angeli é secretário-geral do Setpes.
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