Autoimagem e a mudança de conceitos após a bariátrica
Leitores do Jornal A Tribuna
A obesidade se tornou um problema de saúde pública no País. Pode desencadear outras enfermidades, além de piorar drasticamente a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. No Brasil, seis em cada 10 brasileiros têm excesso de peso, ou seja, cerca de 96 milhões de pessoas estão na faixa de sobrepeso ou de obesidade.
Com o novo coronavírus, o problema figura entre os fatores para o agravamento da Covid-19, mais um motivo de alerta. A cirurgia bariátrica é uma alternativa no tratamento da obesidade grave, em casos de falhas seguidas no tratamento clínico.
Atualmente, a técnica robótica desponta como um grande avanço por oferecer mais segurança, recuperação mais rápida e menos dor ao paciente.
Contudo, estar aberto a uma mudança de padrões, principalmente na relação com a comida, é tão importante para combater a obesidade quanto a intervenção cirúrgica.
Não basta seguir a dieta pós-operatória e ter em mãos uma lista de alimentos proibidos. É estar disposto a lutar por novos hábitos e ciente de que nenhuma luta é fácil, mas principalmente estar certo de que o esforço não será em vão.
É preciso reaprender a comer para não querer compensar suas emoções na comida, gerando uma compulsão, ou, por outro lado, não desenvolver uma repulsa aos alimentos.
Não basta apenas a transformação do corpo. É preciso ter ciência da necessidade (e importância) da ajuda profissional e multidisciplinar.
Desta forma, o paciente estará cercado dos aliados certos que irão lhe ajudar a combater os velhos hábitos, remover as antigas carências por comida para, enfim, dispor de resultados que podem superar suas expectativas e promover uma relação mais harmoniosa com a própria imagem.
Tratar a ansiedade e outras questões emocionais é essencial. A preocupação excessiva com a perda de quilos e a crença em resultados imediatos após a operação atrapalham a adaptação à nova condição física.
Alguns pacientes que passam por cirurgia bariátrica acabam tendo reganho de peso e essa realidade só reforça a necessidade de uma mudança de hábitos e padrões na rotina de maneira disciplinada e continuada.
Não se pode considerar a cirurgia bariátrica como um caminho mais curto para tratar a obesidade.
Trata-se de um procedimento que deve ser rigorosamente planejado e, após a sua realização, passar por todas as fases para que se chegue a um resultado satisfatório.
A obesidade é uma doença crônica que não pode ser tratada a curto prazo. A prevenção continua sendo importante após a intervenção cirúrgica e, inclusive, deve envolver toda a família.
É uma transformação de toda uma cultura que envolve sedentarismo, questões estéticas, padrões, identificação de transtornos do comportamento alimentar, entre outros fatores.
Estar disposto a combater esse mal é uma decisão que pode ser um divisor de águas na vida de todos que sofrem com a doença e também daqueles que não querem ser afetados por ela.
GIBRAN SASSINE é cirurgião do aparelho digestivo.
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