Bitcoin cresce, mas é preciso estudo para investir
Leitores do Jornal A Tribuna
Como é comum acontecer com adolescentes, o criptoativo Bitcoin também sofreu um “estirão” agora que completou 12 anos de idade, valorizando mais de 100% em poucas semanas até superar a marca de US$ 40 mil (cerca de R$ 218 mil).
A verdadeira revolução tecnológica, com impactos disruptivos sobretudo na economia, é o Blockchain. O Bitcoin é o primeiro e mais popular uso dessa tecnologia, que já é utilizada em cadeias de logística, registros médicos, mecanismos de votação e Internet das Coisas, apenas como aperitivo do que está por vir.
Moeda é algo que deve ser um meio de troca, funcionar como unidade de conta. Ou seja, ser um padrão para expressar o valor de outras coisas e ser uma reserva de valor, que preserve o poder de compra.
Assim, ao longo dos séculos tivemos muitas “moedas”, tais como sal, conchas, animais, prata, ouro, até chegarmos ao papel-moeda ou moedas fiduciárias de hoje. Não há lastro físico para elas nem para o Bitcoin.
Criado em 2009, o ativo digital Bitcoin serviu de exemplo para a criação de milhares de outros ativos digitais. Em 2020, atraiu o interesse de investidores institucionais.
Todavia, junto com a fama e o reconhecimento, vem também a utilização fraudulenta ou criminosa, já detectada desde sua infância. Produtos ilegais, resgates e propinas foram e são transacionados em bitcoin, embora outros tipos de moedas virtuais sejam usadas para crimes.
Já são notórios muitos casos mundo afora e no Brasil de falsos investimentos em criptomoeda que não passam de meros esquemas de pirâmide financeira.
Atraídos pela promessa de altos rendimentos, supostamente garantidos, ingênuos acreditam em estelionatários, na crença de que será o investimento do momento, uma oportunidade que cruzou em seu caminho.
Afinal, como qualquer pirâmide, enquanto mais pessoas estiverem investindo, haverá saldo não apenas para ser desviado pelo vigarista, mas também para atender os poucos pedidos de saque. A fraude fica mais crível quando as pessoas leem notícias sobre valorização das criptomoedas ou escutam histórias de lucro com esse novo investimento.
Os esquemas de fraude que alardeiam serem investimentos na criptoeconomia não passam de sites falsos, com extratos e saldos também maquiados e com a conversa envolvente típica de um malandro.
É provável que o dinheiro recebido não seja usado para investir em criptoativos, cujos valores oscilam muito e assim podem gerar prejuízos que quebrariam um fundo de investimento de verdade.
Pessoas prudentes não devem depositar suas economias em um banco ou gestora de recursos sem antes avaliar as referências da instituição. Não há milagres financeiros com promessa de retornos
garantidos de até 10% ao mês.
Investir em ativos digitais como o Bitcoin requer algum estudo, muita cautela e menos ganância.
Atenção dobrada a golpistas que aproveitam a publicidade espontânea obtida com a valorização recente das criptomoedas para promover suas artimanhas, transformando uma revolução tecnológica em uma fraude.
Gelson Guarçoni é auditor fiscal da Receita Federal.
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna