Policial vai atender acidente e descobre que vítima é seu irmão
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O policial militar José Renato dos Santos e sua equipe foram acionados para atender uma ocorrência de acidente com moto na rua Brasil, em Tupã, interior de São Paulo. O momento marcou uma coincidência trágica: a vítima fatal era Rogério Cardoso dos Santos, de 44 anos, o irmão mais novo do policial.

De acordo com a PM, Rogério seguia de moto pela rua quando bateu de frente com um carro. Ele foi arrastado por aproximadamente 30 metros. A polícia ainda investiga se o motorista do carro invadiu a pista contrária.
Santos contou que seu irmão estava na chácara do pai com a família, comemorando o aniversário de 44 anos dele e do irmão gêmeo. O PM também estava no local, mas precisou ir embora depois do almoço para trabalhar, enquanto os outros familiares continuaram na comemoração.
À noite, após todos irem embora, Rogério e a esposa Fabiana Alessandra Pereira dos Santos, 39, permaneceram na chácara, onde iriam dormir. Por volta das 21h, ele decidiu ir até a sua casa, que fica a uma distância de três quilômetros do local, para pegar alguns pertences. Foi no caminho que Rogério acabou se envolvendo em um acidente.
Em entrevista ao UOL, José Santos contou sobre o momento em que chegaram ao local, ainda sem saber de que se tratava de seu irmão.
“Iniciei o serviço à noite e foi despachado a princípio para uma ocorrência de capotamento. Lá no local dos fatos, cheguei e visualizei uma moto totalmente destruída, cravada numa árvore. Diante da nossa experiência, já pude perceber que o motociclista dificilmente teria sobrevivido. Logo abaixo vi o veículo e já percebemos que não se tratava apenas de um capotamento”, lembrou o PM.
De acordo com Santos, os Corpo de Bombeiros já estavam na estrada quando a corporação chegou ao local. Todos buscavam pelo motociclista, que não estava no local do acidente.
Santos ajudava nas buscas, quando se aproximou da moto para consultar a placa e tentar identificar o proprietário. "Fui até a moto e, ao consultar a placa do veículo, apareceu o nome da minha cunhada como proprietária. Foi aquele baque. Quando confirmei o endereço já desesperei, porque apenas minha cunhada e meu irmão usam o veículo".
Segundo a Polícia Militar, ele foi arrastado por cerca de 30 metros depois da batida.
De acordo com o cabo, ao fazer a descoberta, imaginou que a vítima poderia ser seu irmão ou sua cunhada, as únicas pessoas que utilizavam o veículo.
Desesperado com a situação, o PM tentou contato com o irmão, sem sucesso.
“Liguei no celular do meu irmão, caixa postal. Foi quando eu consegui falar com a minha cunhada e caiu a ficha de que era meu irmão que estava ali. No mesmo momento o bombeiro já anunciou que havia achado o corpo dele, aí foi desespero total”, relatou.
Motorista do carro fugiu

O motorista do carro envolvido no acidente abandonou o veículo e fugiu do local após a batida.
O homem, que não teve a identidade divulgada pela polícia, se apresentou junto com um advogado na Central de Polícia Judiciária na segunda-feira (12).
De acordo com a Polícia Civil, ele prestou depoimento e foi liberado na sequência, pois não houve flagrante. Ele vai responder em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e fuga do local do acidente.
Ainda de acordo com a polícia, as investigações prosseguem e se durante as investigações for comprovado que o homem ingeriu bebidas alcoólicas, o crime poderá mudar para homicídio doloso, ou seja, quando quem dirige assume o risco de matar.
“A única intenção minha é que realmente seja cobrado, que a verdade apareça e que ele seja punido pela lei”, desabafou o irmão da vítima.
"Destruiu uma família, tive que dar a notícia para minha mãe e essa imagem não sai da minha mente. Só quero que a verdade apareça e o motorista seja punido", acrescentou cabo Santos.
Além dos irmãos, Rogério deixou esposa, três filhos e dois netos. Ele foi enterrado nesta segunda-feira (12) em Tupã.
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