Pode faltar água para Bolsonaro no deserto?
Estado de São Paulo
O tenebroso PIB indica que poderá faltar água para a caravana de Jair Bolsonaro atravessar o longo deserto da pandemia da Covid-19.
Se, em público, o governo tentou minimizar o resultado adverso, em privado, já se discute um eventual abalo na popularidade do presidente se nada for feito no curto prazo. Ninguém esperava índice excepcional, mas nada tão ruim assim.
A grande questão a incomodar o Planalto: o que acontecerá quando o auxílio emergencial parar (ou quando diminuir ainda mais) sem que a economia tenha retomado algum vigor?
“É nóis”. Enquanto a Economia procura a resposta, as turmas da gastança e da guerra cultural cercam Bolsonaro com uma fórmula que combina turbinar obras no Nordeste e intensificar as aberrações discursivas do “bolsonarismo 2.0”, como mostrou a Coluna.
Ainda pulsa. A prorrogação do auxílio, mesmo com metade do valor, deve garantir a Bolsonaro a manutenção da sua aprovação popular até o fim do ano.
Até quando? Na avaliação do pesquisador Bruno Soller, do Instituto Travessia, essa “bolha” pode estourar em 2021 se o governo não mantiver uma ajuda no mesmo patamar.
Sem horizonte? Para Soller, o fato de o Renda Brasil ter ficado de fora da peça orçamentária do ano que vem é indicativo importante de que ainda não há clareza interna no governo.
CLICK. Na votação da nova Lei do Gás, o deputado Pastor Isidório (Avante-BA), pré-candidato à prefeitura de Salvador, inovou. Defendeu a proposta com um botijão.
Oportunidade Por agora, o impacto do auxílio emergencial poderá beneficiar candidatos bolsonaristas nas eleições municipais.
Sobrevida A promessa de Bolsonaro de apresentar amanhã a reforma administrativa foi lida por empresários como uma forma de prestigiar o ministro Paulo Guedes e acalmar os mercados.
Doutor Pangloss. O otimismo de Guedes ao comentar a queda do PIB é o mesmo da sátira filosófica Cândido, de Voltaire.
Menos. Deltan Dallagnol vendeu que tinha maioria no CNMP depois que foi rejeitado na semana passada o pedido de abertura de processo disciplinar contra ele. Não era totalmente verdade, e o futuro da Lava Jato ainda é incerto.
Passou… Agosto é o mês do desgosto e de várias crises: suicídio de Getúlio Vargas, renúncia de Jânio Quadros, morte de Juscelino Kubitschek, primeira grande manifestação de rua pelo impeachment de Fernando Collor, morte de Eduardo Campos e o afastamento de Dilma Rousseff.
…batido. Neste conturbado 2020, apesar dos 122 mil mortos pela pandemia, dos cheques de Fabrício Queiroz para Michelle Bolsonaro e do afastamento de Witzel, agosto não foi tão ruim assim para Bolsonaro.
Pronto, falei!
"Edson Fachin precisa resolver a fixação com Lula no divã. Ou eventualmente explicar se esta perseguição seletiva é fruto de algum tipo de pressão”.
Marco Aurélio de Carvalho, advogado filiado ao PT
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo