Propósito muito além do dinheiro
Leitores do Jornal A Tribuna
Há pelo menos um século, a ciência tenta explicar por que certas pessoas são excepcionais, enquanto outras, independentemente do tempo e da energia que aplicam numa determinada atividade, nunca passam do razoável. Em se tratando de sucesso, quanto pode ser atribuído ao talento e quanto corresponde à dedicação e ao esforço?
Em seu livro “Spiritual Capital”, Danah Zohar fala que, enquanto arrumava o filho para dormir, este perguntou para que servia a vida. Zohar diz que levou semanas para encontrar uma resposta adequada: o objetivo da vida deveria ser tentar tornar o mundo melhor do que quando o encontramos ao nascer.
Sem qualquer alusão à religião, o termo “espiritual” abordado por Danah remete à necessidade de uma visão mais ampla do que se vê, hoje, nas organizações, comunidades e culturas da sociedade global. O capital espiritual é mais profundo. Ele está nas motivações, nos princípios e nos propósitos não-sectários encontrados em qualquer ser humano. E essa é a verdadeira riqueza que devemos buscar.
Em entrevista, um famoso jogador de futebol explicitou bem seu propósito de vida, assim como sua visão da parte financeira. Ele é obcecado por vencer e, para ele, só há um caminho: ser o melhor sempre. Essa busca incessante pela liderança se baseia em uma ética no trabalho, em muito esforço, treino e trabalho duro. Aí está a resposta à pergunta do início deste texto.
Ter talento não é mais o suficiente. Se você não se dedica 100%, não vai atingir o nível que deseja. Os recordes e o reconhecimento são consequências, assim como o dinheiro, que não pode ser o objetivo e nem o mais importante. Tudo isso tem valor? Claro que sim, mas é a paixão e o propósito que devem mover nossas vidas.
O clássico da Administração “Built to Last” traz uma passagem que ilustra esse pensamento: a Parábola da Faixa Preta. Em cerimônia para receber a faixa preta, um aluno é indagado pelo mestre sobre o verdadeiro significado daquela faixa. Ele responde ser o final da sua jornada, uma recompensa pelo bom trabalho.
Não satisfeito, o mestre não lhe dá a faixa e pede para que volte em um ano. No novo encontro, o aluno responde ser a faixa o nível mais alto, a excelência. Mais uma vez, o mestre o manda voltar depois de um ano. É quando, após muito refletir, o aluno conclui: a faixa preta representa o começo, o início de uma jornada, sem fim, de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto.
Assim devemos pautar nossas carreiras. Ousar sonhar grande, mas com propósitos e ações que gerem benefícios coletivos, que ajudem a trazer algo de bom para a vida das pessoas.
Isso vale também para o meio corporativo. Joe Jawarski, do MIT, afirma que “liderança é descobrir o destino da empresa e ter coragem de segui-lo. Empresas que conseguem fazer isso têm um propósito nobre”. Há alguns meses, minha equipe e eu definimos o propósito do nosso departamento: “Envolver, integrar e transformar o tecido social para a vida”. Mais que alinhado ao propósito da empresa onde atuo, essa meta está alinhada ao meu próprio propósito de vida. Temos certeza de que vai dar certo!
João Bosco Reis da Silva é gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal Tubarão
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna