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TRIBUNA LIVRE

O trabalho da ciência diante da crise sanitária é essencial

| 05/05/2020, 07:04 h | Atualizado em 05/05/2020, 07:08
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna


A ciência não apresenta verdades absolutas, mas questionáveis. A comunidade científica não se escora em textos sagrados na produção de suas verdades, sempre porosa a novas concepções sobre fenômenos. Não se baseando em posições dogmáticas, a ciência traz rupturas de tradições ou verdades estabelecidas quando sua comunidade de especialistas reconhecem um saber disruptivo.

Para tanto, exige-se um amplo, transparente e rigoroso debate com critérios qualitativos, não-contraditórios e de validade universal, no uso de métodos testáveis para a comprovação empírica de seus resultados.

E assim se chega a novas verdades científicas, ao menos enquanto não sejam revistas por outro processo. Por isso, a figura do “gênio incompreendido” não existe por definição, pois o gênio é assim denominado apenas após a comunidade científica reconhecer a relevância de sua revolucionária perspectiva científica.


As instituições científicas e acadêmicas são democráticas e, para a democracia, as opiniões são fundamentais. Temos aí uma série de confusões que precisaríamos de esclarecer. Opiniões, ao contrário da ciência, seguem critérios quantitativos, contraditórios e relativos à experiência histórica e existencial de cada cidadão. É a partir de tais opiniões que, por meio da representatividade política parlamentar, são propostas e elaboradas as normas jurídicas no Estado democrático de Direito.


No entanto, do mesmo modo que a ciência jurídica não depende das opiniões políticas e sim de uma exegese rigorosa do texto legal promulgado pelos representantes do povo, também a ciência, não se baseia na opinião política do cientista, mas no padrão interpretativo, estabelecido universal e institucionalmente, sobre dados empíricos.


O senso comum não deve ser colonizado pela ciência e nem orientar a pesquisa científica. Esses dois saberes, ao dialogarem entre si, favorecerão a riqueza para ambos. O senso comum, em que pese seus preconceitos morais e culturais, tem intuições e potencialidade de vida que hão de enriquecer a frieza dos números e procedimentos formais.

Em contraponto, a emancipação humana não é reativa, dogmática e eivada de preconceitos; desse modo, sem o diálogo acima, as peculiaridades da maioria da população brasileira acabam tendo um poder de ação política muito danoso no tocante à questão que vivemos com a atual pandemia, tornando-se inadmissível o ataque a pesquisadores em redes sociais ao apontarem a necessidade do distanciamento social ou a toxidade do uso de alta dose de cloroquina.

Nossa democracia pressupõe uma ponte entre o senso comum e o saber dos especialistas; caso contrário, teremos outra Revolta das Vacinas, como a que ocorreu em 1904, com as campanhas sanitárias protagonizadas pelo epidemiologista Oswaldo Cruz. Médico que fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), bem como a Ufes, são exemplos do diálogo acima em sua postura e preocupação cidadã de fomento, desenvolvimento e divulgação de pesquisas da comunidade científica junto à opinião pública.

Marcelo Barreira é professor de Filosofia da Ufes.

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