“Capixabei há muito tempo”, diz ator e músico Juan Alba
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Ele sabe o que é um picolé de araçaúna, já foi muito para o rock que, quando era bom, estava pocando. Assim como o balão, que não estoura, poca. “Capixabei há muito tempo”, assume o ator e músico Juan Alba, de 54 anos.
Nascido em Campinas (SP), filho de capixaba, ele já estava por aqui aos 6 anos . “Me considero capixaba. 100% capixaba! As minhas referências de vida, os meus amigos mais antigos, as minhas lembranças da natação, do colégio, tudo está aí. A minha relação com Vitória é fortíssima e eu sou capixaba de coração, de sentimento”, diz ele.
Franco, sem rodeios, na conversa com o AT2, Juan falou sobre o isolamento social, a preocupação com o pai – que mora em Vila Velha – os 20 anos de atuação, o rótulo de “coroa gato” e aquele que considera ser o seu melhor papel: o de pai de Victoria, de 27 anos, e Valentina, 24.
“Vejo que hoje eu colho o que plantei. Sempre estive muito ao lado de minhas filhas, acredito que acabei criando uma identidade própria como pai. E algo que eu sempre tive com elas foi diálogo. Diálogo aberto e franco. Hoje elas são mulheres, e a nossa relação é cheia de carinho e confiança. E, acima de tudo, muito respeito”, derrete-se o pai coruja.
“A gente colhe o que a gente planta e a conta sempre chega”
AT2 - Como você está? Se cuidando?
Juan Alba - Me cuidando bastante. Em um momento como este, a gente tem que se preservar ao máximo. Mas, graças a Deus, estou bem. Minha família também. O meu pai, que mora aí em Vila Velha, é a minha maior preocupação, porque ele está no grupo de risco: é idoso e diabético. Mas ele está muito bem, em casa, tranquilo.
Na ficção, vive um vilão que tem problemas com os filhos. E como é você como pai?

Exatamente o oposto dele. (Risos) Como pai, acho que é importante a gente saber olhar para o outro. Aliás, isso é importante de uma forma geral, especialmente no momento em que vivemos.
As pessoas estão cada vez mais se fechando no universo delas. Todos possuem verdades absolutas e isso é contrário a tudo o que penso. A comunicação está ficando mais difícil, porque não aproveitamos a oportunidade de ouvir, refletir e – por que não? – mudar de opinião.
Começou como modelo. Como foi essa transição?
A arte sempre esteve em mim. Eu sou da época em que surgiram Sílvia Pfeiffer, Vitor Fasano, Ricardo Macchi… Foi uma época em que olhavam bastante de lado para o modelo que foi para a televisão.
E, desde a primeira entrevista que eu dei, sempre fiz questão de frisar de onde eu vim. Sou muito orgulhoso de ter sido modelo. Sou fruto disso.
Então, rolava preconceito?
Claro, a coisa do “não vai dar certo”. Mas isso acompanha a gente a vida inteira. Quando eu era modelo, ouvia: “Mas, além disso, você não faz mais nada?”. (Gargalhadas) E, depois, quando virei ator, comecei a ouvir: “Mas você não vai estudar?” (Risos)
Sempre foi elogiado pela sua beleza. É um prazer ser elogiado pelo seu trabalho?
Nossa senhora! Dá um prazer enorme quando vejo que as pessoas estão gostando do meu trabalho. Porque há uma dedicação enorme. Eu não posso me separar daquilo que sou fisicamente. Mas eu tenho 20 anos de carreira e acredito que evoluí muito no meu caminho. A gente colhe o que a gente planta e a conta sempre chega. Então, colher esses frutos é incrível!
Mas também não é nada mau ser elogiado pela beleza após os 50, certo?
É ótimo, é maravilhoso, claro. A gente não reclama de nada não. (Risos) Eu não tenho problema nenhum com isso. Acho que está tudo junto. Eu tenho é que agradecer a Deus por ter saúde, que é o principal. Mas qualquer elogio é muito bem-vindo.
Assume os cabelos brancos e, nas redes sociais, falam “coroa gato”. Algum problema?
Nem um pouco. Não ligo de ser chamado de coroa. Só não envelhece quem morre cedo. Só quero estar saudável fisicamente e emocionalmente. Faço as coisas que eu gosto e sei das minhas limitações. A gente se adapta para aproveitar tudo o que pode.
E quero sempre ter a capacidade de achar prazer em novas coisas que vão se abrir conforme vou envelhecendo.
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