Circunstâncias do homicídio de uma jovem brasileira nos EUA
Leitores do Jornal A Tribuna
Recentemente, jornalistas brasileiros e americanos noticiaram a prisão de dois jovens acusados de matar uma brasileira na Califórnia (EUA). Os jornais deram grande destaque ao caso, uma vez que os dois suspeitos eram do Espírito Santo e foram presos em Cariacica.
A primeira observação que merece ser feita diz respeito ao desprezo absoluto pela vida humana. A jovem morta tinha apenas 23 anos e, ao que tudo indica, teria sido estrangulada pelos dois.
Como se não bastasse a prática do covarde homicídio, os dois ainda desapareceram com o corpo. Até o momento, portanto, a família da jovem assassinada não pôde sequer se despedir e oferecê-la um enterro digno. A Polícia de Los Angeles continua empenhada na investigação e na busca pelo corpo da jovem.
A segunda observação que merece ser feita diz respeito ao brilhante trabalho de cooperação policial internacional que continua sendo realizado. Departamento de Polícia de Los Angeles, Polícia Federal, Polícia Civil e PM do Espírito Santo trabalharam em sintonia para investigar o crime, localizar os suspeitos e realizar a prisão.
Ministério Público e Judiciário também tiveram participação fundamental, se manifestando a favor da medida restritiva e determinando a prisão dos suspeitos do crime.
O caso nos enche de tristeza e indignação. Nenhuma família deve ser obrigada a passar pela dor e sofrimento de perder, de forma precoce e violenta, um ente querido. Pior ainda quando uma mãe, mesmo sabendo do trágico fim de sua filha, não pode sequer realizar seu enterro e prestar as últimas homenagens (em razão da covardia e monstruosidade dos dois assassinos).
Se podemos, porém, apontar uma única coisa positiva nessa triste e revoltante história, apontaríamos a rapidez com que, pelo menos em parte, a justiça começou a ser feita.
Obviamente, o que toda a sociedade espera é que os responsáveis passem o resto de suas vidas atrás das grades. Não esperamos nada menos que uma condenação pesada, para que, por muitos anos, possam refletir sobre toda a dor que causaram.
A primeira parte do trabalho para que a justiça efetivamente seja feita já foi realizado. Com diálogo permanente, compartilhamento de informações e ações planejadas, o Departamento de Polícia de Los Angeles, nos EUA, a PF, a PC e a PM do Espírito Santo conseguiram identificar os responsáveis pelo crime e, mesmo após uma fuga cinematográfica, colocaram os suspeitos na cadeia, cumprindo prisão temporária.
Vivemos em um mundo globalizado. A criminalidade, seja a mais sofisticada organização criminosa (que se vale de modernas técnicas de lavagem de dinheiro), seja a mais rasteira e cruel (como vimos no presente caso), não respeita fronteiras.
Os criminosos podem acordar em um continente e, no mesmo dia, dormirem em outro, fugindo da polícia e da Justiça. Somente o trabalho de cooperação policial, a troca de informações e a confiança entre as instituições podem fazer com que as agências de segurança virem esse jogo, atualmente, vencido pela bandidagem.
Eugênio Ricas é delegado da Polícia Federal, adido da PF nos EUA e mestre em Gestão
Pública pela Ufes.
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