PL quer nomes associados à periferia e se aproximar dos “gays de direita”
Partido de Bolsonaro vem desenvolvendo uma linguagem própria para disputar o conceito de diversidade no debate público
O PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — passou a explicitar, no contexto das articulações para as eleições de 2026, a intenção de ampliar seu alcance eleitoral por meio de candidaturas associadas a grupos historicamente vinculados à esquerda no debate político brasileiro.
Entre os públicos mencionados por dirigentes estão homens gays que se identificam com posições conservadoras, além de mulheres, pessoas negras e moradores da periferia.
A estratégia foi mencionada pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, ao comentar possíveis nomes para disputas futuras.
Segundo ele, o partido avalia apoiar candidaturas que combinem identidade pessoal e alinhamento com pautas conservadoras. Nesse contexto, o dirigente afirmou que a legenda pretende investir também em “homossexuais de direita”, e citou o influenciador Firmino Cortada como exemplo de nome com potencial eleitoral.
Firmino Cortada se apresenta publicamente como gay e conservador, e já declarou, em participações em podcasts, que não se identifica com posições da esquerda.
Em suas falas, associa a conquista de direitos civis de pessoas homossexuais ao funcionamento do sistema capitalista e afirma que a inserção econômica e o consumo teriam papel relevante nesse processo. Cortada ainda não anunciou filiação partidária nem confirmou intenção de disputar cargos eletivos.
As declarações de Sóstenes ocorrem em meio a um movimento mais amplo do partido para diversificar seus quadros, sem alterar formalmente seu discurso programático.
O PL mantém como principais referências políticas Bolsonaro e valores associados ao conservadorismo, como defesa da família, princípios religiosos e críticas a agendas progressistas relacionadas a gênero e costumes.
A antropóloga Jacqueline Moraes Teixeira, pesquisadora ligada ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e ao Instituto de Estudos da Religião, acompanha desde 2023 iniciativas partidárias voltadas a públicos específicos, como mulheres e eleitores religiosos.
Segundo ela, partidos do campo conservador vêm desenvolvendo uma linguagem própria para disputar o conceito de diversidade no debate público, incorporando temas ligados a identidade sem abandonar posições tradicionais.
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