Quadrilha é presa em Pernambuco por golpe milionário em hospedagens da COP30
Esquema internacional fraudava hospedagens em Belém durante a conferência do clima; quatro pessoas foram presas e uma segue foragida
Uma operação conjunta das polícias civis do Pará e de Pernambuco desarticulou uma organização criminosa suspeita de aplicar golpes milionários durante a COP30, conferência mundial do clima realizada em Belém. O grupo usava fotos de apartamentos de luxo reais para anunciar hospedagens inexistentes, causando um prejuízo estimado em 500 mil euros — cerca de R$ 3,25 milhões — a delegações estrangeiras.
Segundo as investigações, os criminosos anunciavam imóveis em plataformas digitais, cobravam valores antecipados e desapareciam após o pagamento. Nenhum dos apartamentos pertencia ao grupo.
A operação, batizada de Check Out, pelo menos quatro pessoas foram presas, uma está foragida e seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Pernambuco, nos municípios do Recife, Ipojuca e Paulista. Os nomes dos suspeitos de estelionato não foram divulgados.
Check Out
Durante a ação, a polícia apreendeu materiais que, segundo as investigações, estariam ligados ao esquema criminoso. Também houve bloqueio de contas bancárias utilizadas para o recebimento dos valores pagos pelas vítimas.
Embora os crimes tenham ocorrido em Belém, a apuração aponta que a organização operava a partir de Pernambuco.
Fraude foi descoberta após denúncia de ministra estrangeira
De acordo com o delegado Guilherme Gonçalves, titular da Delegacia de Proteção ao Turista do Pará, o esquema começou a ser revelado após a denúncia de uma ministra do governo alemão, que percebeu que o imóvel reservado para a COP30 não existia.
“Nós descobrimos, graças ao apoio da Polícia Civil de Pernambuco, quando uma ministra do governo alemão compareceu à delegacia após constatar que o apartamento que ela havia reservado durante a conferência do Clima COP30 não estava disponível”, afirmou.
Segundo o delegado, a apresentação dos comprovantes de pagamento permitiu o avanço das diligências em parceria com a Polícia Civil de Pernambuco e com a delegada Ana Catarine Cavalcanti.
Organização atuava em grandes eventos internacionais
As investigações apontam que o grupo se especializou em fraudes durante eventos de grande porte, aproveitando o fluxo internacional de turistas e autoridades. A quadrilha seria comandada por dois cidadãos italianos e uma brasileira.
“A partir disso, fizemos outras diligências e verificamos que se tratava de uma organização criminosa que se dedica à prática de crimes durante grandes eventos internacionais”, disse Guilherme Gonçalves.
Segundo a polícia, os pagamentos eram feitos fora do Brasil, o que facilitava a ação do grupo. “As pessoas tinham a possibilidade de pagar nos seus próprios países mediante uma transferência bancária simples”, explicou o delegado.
Vítimas incluem governos estrangeiros
Ainda segundo a Polícia Civil do Pará, as vítimas identificadas neste inquérito incluem delegações oficiais da Itália, Bangladesh e da República Popular da China.
“Nesse inquérito que nós deflagramos agora, são cinco vítimas desses governos, só que cada vítima era responsável por fazer reserva para vários integrantes das delegações”, afirmou o delegado.
De acordo com ele, cada delegação tinha, no mínimo, 40 integrantes, podendo chegar a 200 membros, o que torna o prejuízo ainda maior.
“Então, um prejuízo inestimável”, resumiu.
Prisões e apreensões
Durante a operação, a polícia prendeu a esposa de um dos líderes do esquema e apreendeu documentos que indicam a movimentação financeira do grupo.
“A esposa dele foi presa hoje com um acervo bancário significativo. A gente encontrou escrituras de diversas propriedades, encontramos procurações e outros indícios para procedimento das investigações”, afirmou Guilherme Gonçalves.
Um dos chefes do grupo segue foragido. O outro foi alvo de buscas e responde ao processo.
Segurança e imagem do país
Para a Polícia Civil, a operação tem impacto direto na imagem do Brasil como destino internacional. A operação continua em andamento para ressarcimento das vítimas.
“Nós estamos mostrando agora o compromisso, não só do governo do Pará, mas do nosso Estado brasileiro, do governo de Pernambuco, em reprimir esse tipo de crime e mostrar que nosso país e nossos Estados são destinos seguros para o turismo e para receber visitantes”, concluiu o delegado.
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