Greve na Petrobras: entenda as reivindicações dos funcionários offshore
Petroleiros da Petrobras deram início a uma greve nesta segunda-feira (15). A paralisação ocorre por tempo indeterminado
Petroleiros da Petrobras deram início a uma greve nesta segunda-feira (15) após semanas de assembleias e a rejeição da segunda contraproposta apresentada pela empresa para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A paralisação ocorre por tempo indeterminado.
Segundo comunicado da Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade que representa os sindicatos dos trabalhadores da Petrobras em todo o país, a proposta apresentada pela companhia não avançou em três pontos centrais da negociação:
- Fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que promove descontos extras na remuneração de trabalhadores, aposentados e pensionistas para cobrir déficits do fundo de previdência da Petrobras;
- Aprimoramentos no plano de cargos e salários e garantias contra mecanismos de ajuste fiscal;
- Defesa de um modelo de negócios alinhado ao fortalecimento da estatal: barrar o avanço de parcerias e terceirizações que, na avaliação dos sindicatos, “precarizam o trabalho” e abrem caminho para privatizações.
"Queremos que a Petrobras faça aporte no plano para sanar a questão do equacionamento. Além disso, é inaceitável distribuir bilhões em dividendos e pregar discurso de austeridade com os trabalhadores ao mesmo tempo. Por fim, queremos uma Petrobras mais focada na população, e menos no mercado", afirmou o presidente do Sindipetro, Valmisio Hoffman.
Segundo a FUP, a atual gestão da Petrobras, comandada por Magda Chambriard, tem dificultado as negociações com os trabalhadores ao não avançar em um acordo.
A entidade afirma que, durante as discussões, a empresa adotou decisões por conta própria, como transferências forçadas e demissões sem explicação na área de exploração e produção, o que teria prejudicado o diálogo com os sindicatos.
O movimento dos petroleiros começou ainda na madrugada, com a entrega das operações de plataformas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, além de refinarias em São Paulo e Minas Gerais.
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Para o presidente do Sindipetro, Valmisio Hoffman, a população pode sofrer impacto na distribuição de combustíveis caso a greve dure mais do que 15 dias.
"Tivemos adesão de mais de 90% dos trabalhadores offshore, que já estão desembarcando e indo para a sede do sindicato. A adesão nacionalmente está muito grande, é uma das maiores da história. O Espírito Santo pode demorar para ser afetado, mas é possível dizer que se a greve durar mais de 15 dias, há risco de faltar gás e gasolina para o consumidor final", explicou.
Já a estatal afirmou, em nota, que a greve não terá impacto na produção e que segue empenhada em concluir a negociação do acordo.
Veja a nota da Petrobras na íntegra:
"A Petrobras informa que foram registradas manifestações em unidades da companhia em virtude de movimento grevista. A Petrobras afirma que não há impacto na produção de petróleo e derivados. A empresa adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido.
A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados e mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas.
A Petrobras está em processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho desde o final de Agosto deste ano. Na última terça-feira (09/12) a companhia apresentou sua última proposta, que contempla avanços aos principais pleitos sindicais. A Petrobras segue empenhada em concluir a negociação do acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais."
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