Evento em escola cívico-militar do Paraná exibe fuzis para alunos: ‘Ação tradicional’, diz governo
Um evento da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) teve a exposição de fuzis e outros armamentos pesados para crianças e adolescentes de uma escola cívico-militar de Colombo, na região metropolitana de Curitiba (PR). O caso aconteceu na quarta-feira, 3, mas ganhou repercussão nesta semana com vídeos da exibição de armas circulando nas redes sociais.
A ação da Sesp ocorreu no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, um dos 345 do Estado que adotaram o modelo de ensino. “Este é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários. Os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes”, justificou a secretaria, por meio de nota.
Segundo a pasta, equipes especializadas da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros apresentaram aos alunos “aspectos do trabalho diário das forças de segurança”. “A Sesp destaca que todas as atividades têm foco em prevenção, informação e aproximação responsável com a comunidade”, informou. O Estadão entrou em contato com a Secretaria de Educação do Paraná, que se manifestou com o mesmo comunicado da Sesp.
O APP-Sindicato, que representa professores e trabalhadores de escolas no Estado, classificou o caso como grave e afirmou que denunciou as imagens ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Controladoria-Geral do Estado. “A escola tem como papel central a humanização, a construção do respeito à diversidade e a todas as pessoas. O modelo cívico-militar vai na contramão deste grande objetivo”, afirmou Walkiria Mazeto, presidente da entidade.
“As imagens do vídeo de Colombo mostram crianças aglomeradas em frente a uma mesa, montada no ginásio da escola, onde estão dispostos pelo menos cinco fuzis, uma pistola e outras armas utilizadas pelo batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial, unidade de elite da Polícia Militar do Paraná (PMPR). O vídeo também mostra que as crianças usam o celular para tirar fotos do armamento, enquanto são observadas por um policial militar, sem a presença de profissionais da educação”, relatou o APP-Sindicato, em nota.
O comunicado também mencionou que o caso aconteceu menos de uma semana depois de viralizar nas redes sociais um vídeo que mostra estudantes do Colégio Cívico-Militar João Turin, de Curitiba, cantando uma música que faz apologia ao ódio e à morte de pessoas negras e da periferia.
“Esses vídeos, que nós tivemos acesso e denunciamos, são apenas algumas das provas e das muitas denúncias que temos feito sobre este modelo, seja sobre assédio, violência, assim como a incitação à violência e ao racismo. Por isso, nós continuaremos denunciando e tomando todas as medidas cabíveis para que a escola volte a ser o espaço da construção do respeito e da dignidade humana”, disse Walkiria.
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