IBGE: Mais da metade dos moradores de favelas no Brasil vivem em áreas sem bueiro ou boca de lobo
Mais da metade (54,6%) dos moradores de favelas ou comunidades urbanas no Brasil vivem em trechos de vias sem a presença de bueiros ou boca de lobo. Os números do Censo 2022, divulgados na manhã desta sexta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam as precariedades enfrentadas por 16,3 milhões de pessoas em todo o País que moram nessas áreas.
Segundo os recentes números do Censo, o Brasil tem 12.348 favelas ou comunidades urbanas, distribuídas por 656 municípios do País. A grande maioria das comunidades se encontra na região Sudeste, 48,7%, caso de Paraisópolis, em São Paulo, e Rocinha, no Rio de Janeiro, duas das maiores do País.
Foram contabilizados 6,5 milhões de domicílios nessas áreas, onde vivem 8,1% da população brasileira (ou 16,3 milhões de pessoas, o equivalente ao número de moradores das cidades de São Paulo, Fortaleza e Salvador somados).
O Censo 2022 avaliou as seguintes características do entorno dos domicílios de favelas: capacidade de circulação da via, pavimentação da via, presença de bueiro ou boca de lobo, iluminação pública, ponto de ônibus ou van, sinalização para bicicleta, calçada ou passeio, obstáculo na calçada, rampa para cadeirante e arborização.
Mais de 96% dos moradores de favelas e comunidades urbanas vivem em trechos de vias com calçadas com obstáculos. Embora fora dessas áreas essa porcentagem ainda seja bastante alta, 77,6%, ela é relativamente mais baixa do que nas comunidades mais pobres. O mesmo acontece em relação à pavimentação das vias. Nas favelas, 21,7% vivem em vias sem pavimentação, enquanto fora desses territórios apenas 8,2% vivem nessas condições.
A situação também é bem pior no que diz respeito ao acesso de veículos maiores. Segundo os números do Censo, 19,2% dos moradores de comunidades vivem em trechos de vias acessíveis apenas por moto, bicicleta ou a pé. Fora das comunidades, essa porcentagem é de apenas 1,4%.
Apenas 5,2% (836 mil) dos moradores de favelas moram em trechos de vias com ponto de ônibus ou van. Fora dessas áreas, a proporção de pessoas com disponibilidade dessa infraestrutura urbana era mais que o dobro (12,1%). Os números, alertam os pesquisadores, podem passar uma impressão de extrema escassez de pontos de condução pública. No entanto, eles lembram, o levantamento é feito por trecho de via.
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No caso da iluminação pública, a situação nas comunidades é melhor. A grande maioria dos moradores (91,1%) vive em ruas com iluminação pública. Fora das comunidades, a porcentagem é maior: 98,5%. Em favelas e comunidades urbanas, 35,4% dos moradores viviam em trechos de vias arborizadas em 2022. Fora dessas áreas, a proporção era de 69,0%.
Rampas para cadeirantes e sinalização para bicicletas são os equipamentos urbanos mais raros dentro das comunidades mais pobres, como mostra o levantamento. Apenas 5% dos moradores vivem em trechos de via com rampa para cadeirantes e somente 1% com sinalização de bicicletas.
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