A menopausa não tira potência de ninguém
Ela apenas convida a mulher a renascer — com mais consciência, força e liberdade
Iza Medonça
A vida da mulher é feita de ciclos. Alguns chegam suavemente, outros chegam derrubando certezas e trazendo perguntas que nunca fizemos. A menopausa é um desses marcos — natural, inevitável e, ao mesmo tempo, transformador. E um dos efeitos que mais preocupa mulheres 40+, 50+ e 60+ é o aumento de peso, sobretudo aquele que “aparece” mesmo quando a rotina alimentar parece a mesma. Mas por que isso acontece? E como lidar com ansiedade, apetite e longevidade de forma mais leve?
A resposta exige conhecimento, acolhimento e novas escolhas.
Por que as mulheres engordam na menopausa?
A menopausa não é um simples “fim do ciclo menstrual”. É uma orquestra hormonal que muda de ritmo.
Quando os níveis de estrogênio e progesterona caem, o corpo interpreta isso como um sinal de alerta, e reage.
✔️ 1. Metabolismo mais lento
A queda hormonal reduz a capacidade do corpo de queimar calorias.
Aquilo que antes era mantido com facilidade agora exige mais atenção.
✔️ 2. Perda de massa magra
A musculatura diminui naturalmente, e músculo é o principal acelerador do metabolismo.
Menos músculo = menos calorias queimadas = mais acúmulo de gordura.
✔️ 3. Aumento da gordura abdominal
Com menos estrogênio, o corpo passa a acumular gordura no abdômen.
É fisiológico, mas pode ser controlado.
✔️ 4. Ansiedade e compulsão
A flutuação hormonal amplifica fome emocional, irritabilidade e queda de serotonina — o hormônio do bem-estar.
Resultado?
Muitas mulheres comem para aliviar a tensão, não a fome.
Ansiedade feminina: a vilã silenciosa
Nós, mulheres, carregamos múltiplos papéis: mãe, profissional, cuidadora, esposa, filha.
A sobrecarga emocional, somada às mudanças biológicas, cria um terreno fértil para a ansiedade.
E ansiedade não é só mental.
Ela mexe com o corpo inteiro:
• Aumenta cortisol (hormônio do estresse)
• Prejudica o sono
• Desregula o apetite
• Diminui a disposição para treinar
E como resposta, o corpo pede alimento, de preferência carboidratos rápidos.
É uma forma de “acalmar” o organismo, mas que cria um ciclo vicioso.
A sabedoria japonesa que pode transformar a relação com a comida
No Japão, especialmente em Okinawa, uma das regiões com mais longevidade no mundo, existe um princípio milenar chamado Hara Hachi Bu.
O que significa Hara Hachi Bu?
É a prática de comer até 80% da capacidade estomacal, nunca até a sensação de estar cheia.
Na prática, as mulheres japonesas:
• comem devagar;
• mastigam mais;
• escutam o corpo;
• param de comer no primeiro sinal de saciedade;
• evitam excessos diários.
É um pequeno segredo que gera grandes resultados:
• menos peso,
• menos inflamação,
• menos ansiedade pós-refeição,
• mais leveza,
• mais longevidade.
O que fazer para viver melhor, controlar o apetite e preservar a saúde?
A menopausa exige ajustes, não sofrimento.
Com pequenas mudanças, é possível viver essa fase com mais energia, equilíbrio e autoestima.
✔️ 1. Priorizar proteína
Ajuda a controlar fome, preservar músculo e acelerar o metabolismo.
✔️ 2. Treino de força 3 a 4 vezes por semana
Musculação é remédio para menopausa.
É o que “liga” o metabolismo novamente.
✔️ 3. Fibras em todas as refeições
Elas seguram a fome e melhoram o intestino, que afeta humor e ansiedade.
✔️ 4. Sono de qualidade
Dormir bem reduz compulsão, ansiedade e inflamação.
✔️ 5. Ritual de pausa
5 min de respiração profunda antes das refeições reduzem a fome emocional.
✔️ 6. Hidratação inteligente
Muitas vezes é sede, não fome.
✔️ 7. Rotina anti-inflamatória
Azeite, frutas vermelhas, cúrcuma, gengibre, ômega 3, são aliados poderosos.
✔️ 8. Terapias e acompanhamento médico
Reposição hormonal quando indicada pode transformar a vida.
O novo corpo, a nova mente e a nova mulher
É preciso compreender: a menopausa não é o fim da vitalidade. É o início de uma nova sabedoria corporal.
Uma fase em que a mulher pode, e deve, se colocar em primeiro lugar. (Já falei sobre isso em outras colunas, aqui)
Controlar o apetite, equilibrar ansiedade e respeitar o próprio corpo é um ato de amor-protagonista.
E talvez o grande segredo seja unir ciência, movimento e sensibilidade.
Um corpo que se escuta e uma mente que se acolhe.
A menopausa não tira potência de ninguém.
Ela apenas convida a mulher a renascer, com mais consciência, força e liberdade.
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