Enviado de Trump chega a Moscou para se reunir com Putin ante negociações sobre plano de paz
O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, irá se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou nesta terça-feira, 2, para discutir as diretrizes de um plano de paz para acabar com a guerra na Ucrânia. O genro do presidente americano Donald Trump, Jared Kushner, também deve participar do encontro.
De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a reunião durará "o tempo que for necessário". A conversa vai ocorrer depois que um plano de 28 pontos apresentado por Washington e Moscou foi considerado uma "capitulação" por oficiais em Kiev e Bruxelas.
O plano mais alinhado ao Kremlin daria garantias a Moscou de que Kiev não entraria na Otan, além de uma promessa de que a aliança militar não se expandiria para mais perto da fronteira russa. A fórmula de paz também limitaria o tamanho do Exército ucraniano e exigiria a cessão das regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk, que Moscou não controla totalmente.
Depois de uma oposição vocal ao plano, oficiais europeus e uranianos se reuniram com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Genebra e conseguiram mover o pêndulo da fórmula de paz para condições mais favoráveis a Kiev e Bruxelas.
A proposta foi encurtada de 28 para 19 pontos e agradou os ucranianos, mas pontos-chave, como as demandas territoriais russas, uma mudança constitucional que exclui a possibilidade de adesão ucraniana à Otan e a natureza exata da garantia de segurança dos Estados Unidos ainda precisam ser discutidos.
Negociação
No final de semana, oficiais americanos se reuniram com negociadores ucranianos em Palm Beach. As conversas foram consideradas bem sucedidas por ambas as partes, mas o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que "há mais trabalho a ser feito."
Zelenski disse que as conversas na Flórida tomaram como ponto de partida um documento que ambos os lados redigiram em uma reunião anterior em Genebra. O líder ucraniano apontou que esse documento havia sido "finalizado", embora não tenha explicado o que isso significava.
Segundo um comunicado na rede social Telegram, o presidente ucraniano destacou que Kiev estava trabalhando para garantir que parceiros europeus estejam "substancialmente envolvidos" na tomada de decisões.
"A inteligência ucraniana fornecerá aos parceiros as informações que temos sobre as verdadeiras intenções da Rússia e suas tentativas de usar esforços diplomáticos como cobertura para aliviar sanções e bloquear decisões coletivas europeias importantes", apontou o líder da Ucrânia.
Complicações
Embora as reuniões desta semana possam avançar o processo de paz, poucos detalhes se tornaram públicos. Ainda não está claro como os enviados vão conseguir superar divergências entre os dois lados sobre questões básicas como quem fica com qual território. Aliados europeus dizem que o caminho para a paz será longo.
A principal preocupação é conseguir garantias de segurança para a Ucrânia em um futuro pós-guerra, mas os oficiais em Bruxelas temem as futuras ambições territoriais da Rússia e estão tentando formular um plano para financiar militarmente a Ucrânia além deste ano.
Outra questão é se Kiev aceitará ceder territórios a Moscou em troca da paz. Uma posição de longa data de Zelenski é de que qualquer trégua deveria congelar as atuais posições de combate, mas Putin já reiterou que quer que a Ucrânia ceda territórios para garantir a paz.
O Kremlin anunciou na segunda-feira, 1, que as forças russas capturaram a importante cidade de Pokrovsk, na região de Donetsk, mas a informação não foi confirmada por Kiev.
A posição russa
Apesar de se dizer aberto a negociar com Trump, Putin também está preparado para continuar a guerra. Mesmo com elevadas perdas no campo de batalha e as dificuldades econômicas por conta das sanções, o líder russo acredita que pode continuar ganhando terreno com o objetivo de forçar Kiev a aceitar mais exigências antes de um acordo.
Analistas ucranianos que conversaram com a revista britânica The Economist apontam que Putin não estará pronto para negociar até o final do inverno no Hemisfério Norte, em fevereiro. Nessa data, o líder russo terá que decidir se irá lançar uma rodada mais ampla de recrutamento e a economia russa deve começar a sentir mais a queda das receitas de petróleo e o efeito das sanções.
Para o presidente russo, é necessário anexar totalmente as províncias de Luhansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson para vender uma imagem de vitória perante o seu público interno. (Com informações da Associated Press).
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