Novo alerta para canetas importadas para perder peso
Segundo a Anvisa, esses produtos não tiveram qualidade, eficácia e segurança avaliadas, e por isso estão proibidos no País
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um novo alerta sobre supostas canetas emagrecedoras que são proibidas no Brasil.
Segundo a Agência, elas não possuem registro, ou seja, não tiveram qualidade, eficácia e segurança de uso avaliadas no Brasil.
Recentemente foram publicadas resoluções vetando fabricação, distribuição, importação, comercialização, propaganda e uso dos produtos T.G. 5; Lipoless; Lipoless Eticos; Tirzazep Royal Pharmaceuticals e T.G. Indufar.
“As medidas foram motivadas pelo aumento das evidências de propaganda e comercialização irregulares, inclusive na internet, o que é proibido para medicamentos no Brasil”, afirma o comunicado.
Ainda segundo a Agência, medicamentos que não tenham registro no País só podem ser importados de forma excepcional e para uso pessoal com prescrição médica. Porém, quando os produtos são alvo de proibições, como os citados, essa possibilidade também fica suspensa.
“O uso de medicamentos não aprovados no Brasil dificulta a rastreabilidade em caso de eventos adversos à saúde e impossibilita a adoção de medidas regulatórias em relação aos produtos, caso necessário”, alerta a Anvisa.
Para a médica endocrinologista Lusanere Cruz, a demanda crescente e o alto custo da medicação geraram uma “corrida” para aumentar a fabricação por laboratórios pequenos.
“Desta maneira, a Anvisa se posiciona para uma população que muitas vezes não tem dimensão do que é uma patente – ainda não quebrada – e da dificuldade de controle da qualidade desse produto”.
Já Camila Pitanga Salim, endocrinologista, observa que existe grande risco de usar medicamentos sem regulamentação e registro pela Anvisa. “Além de não ter efeitos validados, existe um grande risco em relação à procedência e à qualidade do produto”
A presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional do Espírito Santo, Maria Amélia Sobreira Gomes Julião, ressaltou que a tirzepatida é uma substância de alta eficácia para ajudar no emagrecimento, especialmente para pacientes com obesidade, problemas no fígado e risco de doenças do coração e do metabolismo (como diabetes).
“No Brasil, a única empresa que tem a patente da tirzepatida é o laboratório Lilly. Isso significa que apenas o medicamento original passou por todos os estudos de segurança, qualidade e eficácia”.
OPINIÕES
Código de ética
“É muito preocupante ver médicos e outros estabelecimentos vendendo a consulta ou o serviço e, junto, oferecendo a aplicação da tirzepatida 'importada' ou manipulada. Prescrever um medicamento e lucrar com a sua venda direta ou aplicação, principalmente um produto que não é legalizado ou seguro, fere o Código de Ética Médica. O foco deve ser sempre a saúde do paciente, e não o lucro com um produto não regulamentado”.
Maria Amélia Sobreira Gomes Julião, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional do Espírito Santo
Sem estudo
“O alerta da Anvisa é muito importante, porque estamos falando de medicamentos que são cópias do Mounjaro, que usam a substância tirzepatida, mas que não têm estudo nenhum.
Não passaram por fase 1, fase 2, fase 3, não foram avaliados em pessoas, não têm acompanhamento, não têm análise de segurança.
Então, essas cópias são feitas como? Onde? Estudadas em quem? Como é que o paciente vai se comportar daqui a um ano? A gente não sabe nada sobre eles”.
Queulla Garret, médica endocrinologista
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários