Pescadores cobram ações do Governo Federal para se livrar do tarifaço
Categoria quer que o governo federal passe a priorizar o setor, brigando pela isenção para os frutos do mar nos Estados Unidos
O setor do pescado ficou de fora da lista de isenções dos Estado Unidos e representantes do setor estão cobrando ações para também se livrarem do tarifaço. Para se ter ideia, cerca de 98% do pescado exportado pelo Estado tinha como destino os EUA.
Para o setor, o anúncio expôs uma assimetria preocupante nas negociações internacionais e reforçou a percepção de que o governo brasileiro não tem priorizado a pauta de pescados — mesmo diante do forte potencial econômico, social e regional da cadeia produtiva de peixes e frutos do mar.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, disse que o sentimento entre as empresas é de frustração.
“Estamos satisfeitos pelos setores brasileiros que avançaram, mas é impossível esconder nossa frustração. Não houve evolução alguma para o pescado, e isso mostra que essa pauta não tem recebido a priorização necessária pelo governo federal”.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Pesca do Espírito Santo (Sindipesca-ES), Luiz Gonzaga de Almeida Neto, também demonstrou frustração com a manutenção das taxas. “Ficamos de fora e nossa avaliação é a pior possível”.
Segundo Eduardo Lobo, o setor cria empregos, movimenta a economia e tem enorme potencial de expansão, “mas continua invisível nas negociações com os EUA.”
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O Sul do Estado, por exemplo, concentra grande parte da atividade. Só Itapemirim responde por 15% de toda a produção de pescado do Brasil. Cerca de 13 mil pessoas dependem direta ou indiretamente da atividade pesqueira na região.
A Abipesca reforçou que pretende intensificar o diálogo técnico e político para que o produto brasileiro entre nas próximas fases de negociação tarifária.
Segundo Lobo, o setor está unido e estruturado para fornecer dados, propostas e justificativas que embasem a revisão das tarifas impostas pelos EUA.
Para o presidente da Abipesca, além do peso econômico, o setor representa cadeias produtivas em regiões costeiras e ribeirinhas, com impacto em pequenas e médias empresas — justamente onde a sensibilidade às tarifas é maior.
O dirigente afirma que é urgente recolocar o pescado brasileiro no radar das negociações bilaterais. “Precisamos de reciprocidade e estratégia. A cada rodada de negociação em que o pescado é esquecido, perdemos espaço. O mercado americano é vital para o Brasil e a ausência de avanços é sinal claro de que estamos ficando para trás”.
Detalhes
Setores fora da isenção
A indústria de pescados, que exporta cerca de US$ 300 milhões por ano aos EUA, ficou totalmente de fora e reagiu com frustração.
Diversos itens de transformação, como café solúvel, continuam sujeitos a barreiras significativas.
A ordem executiva não resolve tarifas que seguem ativas por outros instrumentos, como as de 50% sobre aço, alumínio, madeira e móveis, mantidas pela ordem 232, nem altera a investigação da Seção 301, ainda em andamento e capaz de impor novas restrições.
62,9% das vendas do Brasil aos EUA ainda estarão sujeitas a algum tipo de tarifa (entre 10% e 50%), aponta um levantamento da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) feito a partir de estatísticas do Comissão de Comércio Internacional dos EUA.
37,1% das exportações livres
A ampliação dos itens isentos da tarifa de 40% faz com que 37,1% das exportações brasileiras para o mercado americano (o equivalente a US$ 15,7 bilhões das exportações) fiquem livres de taxas. Foram isentos da tarifa adicional produtos como café, carne, castanhas e frutas.
Pela 1ª vez desde agosto, o volume exportado isento de sobretaxas supera o que é submetido à tarifa cheia, de 50%. Hoje, 32,7% das vendas do Brasil aos EUA estão sujeitas à tarifa máxima, segundo o estudo.
Fonte: CNI e jornal O Globo.
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