Bolsonaro passa por audiência de custódia neste domingo (23): veja detalhes e vídeo
Defesa deve se explicar sobre violação da tornozeleira no máximo até o início da tarde
O ex-presidente Jair Bolsonaro deve participar, por volta de meio-dia deste domingo (23), de audiência de custódia realizada por videoconferência a partir da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde está detido desde a decretação de sua prisão preventiva.
A sessão deve avaliar a legalidade da prisão, as condições em que ela foi cumprida e eventuais irregularidades no monitoramento eletrônico. A defesa do ex-presidente tem 13h09 para apresentar sua manifestação sobre a violação da tornozeleira eletrônica registrada pelas autoridades.
O QUE ESTÁ EM JOGO NA SESSÃO
A audiência de custódia é o momento em que o juiz analisa se o preso sofreu abuso, se a prisão respeitou as garantias legais e se a manutenção da medida é necessária. Embora rotineira no sistema judicial brasileiro, a audiência de um ex-presidente amplia a repercussão política do ato e pressiona tanto acusação quanto defesa a se movimentarem rapidamente.
Na decisão que embasou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes listou a violação da tornozeleira como fator determinante. O equipamento gerou alerta técnico na madrugada do dia 22, o que levou à abertura de procedimento interno de monitoramento e à exigência de explicações imediatas por parte da defesa.
A DEFESA E O ARGUMENTO DO “SURTO”
Integrantes próximos a Bolsonaro passaram o sábado tentando justificar o comportamento do ex-presidente, alegando que ele teria tido um “surto” causado pelo apito e pelas notificações sonoras do equipamento de monitoramento.
Segundo esses aliados, Bolsonaro teria relatado que “ouviu vozes” vindas da tornozeleira — uma explicação que, nos bastidores jurídicos, é vista com ceticismo e pouca probabilidade de prosperar como justificativa formal.
Até agora, a defesa não confirmou se usará esse argumento de forma oficial. A versão é tratada como estratégia política de contenção de danos, e não como fundamento jurídico sólido.
Advogados avaliam que a manifestação deverá se apoiar em questões técnicas do equipamento, na possibilidade de falha mecânica ou na suposta ausência de intenção de burlar o monitoramento. A defesa sustenta que a tornozeleira foi colocada para causar humilhação ao ex-presidente.
“A tornozeleira eletrônica tornou-se, neste caso, o símbolo da pena infamante, a versão moderna da pena infamante. Sua finalidade foi apenas causar humilhação ao ex-presidente. Não havia qualquer necessidade. Desconheço qualquer indivíduo no Brasil com tornozeleira eletrônica que tenha uma escolta permanente da Polícia Federal na porta da sua casa”, destacou o advogado Paulo Cunho ainda neste último sábado (22).
24 HORAS QUE PODEM ALTERAR O CENÁRIO
O prazo de 24 horas imposto para a defesa se explicar é crucial. Caso a manifestação não seja convincente, a tendência é que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que se reúne na segunda-feira para analisar o caso, mantenha a prisão preventiva.
Para a equipe jurídica de Bolsonaro, o desafio é apresentar elementos que enfraqueçam a narrativa de violação deliberada e reduzam o impacto do relatório técnico que embasou a medida.Bolsonaro disse à polícia que meteu ferro quente na tornozeleira por “curiosidade”.
CLIMA POLÍTICO TENSO
A prisão do ex-presidente desencadeou mobilização de apoiadores em várias capitais, mas com menos intensidade do que em episódios anteriores. Ainda assim, grupos bolsonaristas convocaram vigílias e atos nas redes sociais, insistindo na tese de que Bolsonaro estaria sendo alvo de perseguição judicial.
Nos bastidores do Congresso, parlamentares aliados pressionam por reação coordenada, enquanto opositores defendem que a prisão foi uma resposta necessária ao desrespeito reiterado às medidas impostas pelo STF.
PRÓXIMOS PASSOS
Após a audiência de custódia e a apresentação da defesa, a próxima etapa será a análise da Primeira Turma do STF, que deve decidir se mantém ou revoga a prisão preventiva.
Independentemente do resultado, o episódio já marca um dos momentos mais delicados da trajetória política de Bolsonaro e reforça o papel do monitoramento eletrônico e das audiências de custódia como ferramentas centrais no controle judicial de medidas cautelares.
IMPORTÂNCIA POLÍTICA E JUDICIAL
A audiência de custódia de um ex-presidente, especialmente uma figura tão polarizadora como Bolsonaro, tem carga simbólica elevada.
Além de tornar público o exame judicial das condições de sua detenção, o episódio pode influenciar a percepção pública sobre o tratamento judicial dado a ele — e impactar seus apoiadores, que já se mobilizaram anteriormente em sua defesa.
Também é relevante para o sistema de justiça brasileiro, por mostrar como a audiência de custódia — frequentemente usada para casos de prisão em flagrante — é aplicada em casos de alta magnitude política.
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