Suspeita de violência sexual surge em caso Allani Rayane, diz decisão judicial
Segundo documento ao qual o Tribuna Online PE teve acesso, jovem teria sofrido golpes de enxada e faca antes de morrer
A decisão que manteve presos Josemi José de Santana Filho, 32 anos, e Andrea Maria dos Santos da Silva, 42, trouxe à tona detalhes ainda mais duros sobre a morte de Allani Rayane Santos, 24 anos. O documento, ao qual o Tribuna Online PE teve acesso, expõe a dimensão da violência que a jovem sofreu antes de ser assassinada, a pedidos da própria mãe.
O juiz Altino Conceição da Silva, da Central Especializada das Garantias de Caruaru, registrou que há indícios de violência sexual. A suspeita de “relação sexual prévia ou estupro”, segundo o magistrado, aparece no Boletim de Identificação de Cadáver (ID 223530749 – pág. 22). Essa possibilidade, agora sob análise pericial, acrescenta um novo peso a um caso já marcado por brutalidade.
Violência extrema e tentativa de subjugação
O que os documentos descrevem é um cenário de tortura meticulosa e prolongada. Segundo apuração da reportagem, Allani foi amarrada, amordaçada e submetida a espancamentos intensos. Ela apresentava sinais de tortura física e psicológica, além de lesões profundas no rosto provocadas por um objeto contundente — uma enxada, usada por Josemi para golpear a vítima. Em seguida, ele ainda a atingiu com uma faca.
Josemi confessou o crime durante a Audiência de Custódia. Disse ter agido a mando de Andrea Maria, mãe de Allani. De acordo com os autos, ele teria praticado a tortura com o objetivo de obrigar a jovem a transferir valores bancários e bens para ele e para a mandante.
A motivação, segundo a investigação, era financeira. Andrea desejava assumir a herança da filha — um conjunto de imóveis e quantias deixadas pelo avô materno. Josemi relatou que havia a promessa de fuga: depois do crime, os dois venderiam os bens, deixariam Pernambuco e “começariam uma nova vida”.
Quando a jovem resistiu e não autorizou nenhuma transferência, “e o temor de ser denunciado, Josemi deferiu golpes de enxada e faca contra ela, ceifando-lhe a vida...”, registra um dos trechos do documento acessado pela reportagem.
Preventiva mantida por risco e gravidade
Ao analisar o caso, o juiz classificou a atuação da dupla como um feminicídio marcado por ganância e tortura. Para o magistrado, a prisão preventiva é indispensável para assegurar a ordem pública e evitar interferências na investigação. Ele cita a “periculosidade social acentuada dos autuados e total desprezo pela vida humana”.
Com a decisão, Josemi foi encaminhado para a Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru. Andrea foi levada para a Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, no Recife.
Laudos sobre possível violência sexual
Para verificar a suspeita de estupro, equipes periciais recolheram material genético. O delegado Eric Costa, responsável pelo caso, informou que os exames tanatoscópico e sexológico devem confirmar ou descartar a violência sexual.
Os resultados são esperados para os próximos dias. A Polícia Civil de Pernambuco reforçou que o caso segue em investigação e que novas informações serão divulgadas “em momento oportuno”.
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