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Leitores do Jornal A Tribuna

A maioria da minoria

Equidade racial precisa deixar novembro e virar compromisso permanente

Vrônica Lopes | 21/11/2025, 13:59 h | Atualizado em 21/11/2025, 13:59

Imagem ilustrativa da imagem A maioria da minoria
Vrônica Lopes é negra, presidente e cofundadora da Organização Não Governamental Instituto Oportunidade Brasil (IOB) |  Foto: Divulgação

Ser negro no Brasil ainda é, muitas vezes, viver sob o peso de uma desigualdade que insiste em se repetir. Somos a maioria da população — mais de 56% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos — e, ainda assim, continuamos sendo minoria nos espaços de decisão, poder e liderança. É o retrato de um país que avança, mas avança devagar demais quando o tema é equidade racial.

Os números são claros e incômodos. Entre 100 profissionais de tecnologia da informação, apenas 24 são pessoas negras. E embora as mulheres representem 29% da população brasileira, somente 3% delas ocupam cargos de liderança.

São dados que evidenciam o abismo entre o potencial do povo brasileiro e as oportunidades que de fato lhe são oferecidas.

Essa desigualdade também se expressa no que chamamos de “loteria do CEP” - uma metáfora cruel, mas real. O lugar onde nascemos, o bairro em que crescemos e as oportunidades de acesso à educação e ao trabalho ainda determinam as chances que teremos ao longo da vida.

No Brasil, a cor da pele e o CEP de origem seguem definindo o futuro de milhões de pessoas, independentemente de seu talento ou dedicação.

É verdade que já existem avanços. Temos hoje mais pessoas negras escolarizadas, menores taxas de analfabetismo e uma presença crescente em universidades, empresas e espaços de inovação.

Mas os indicadores ainda revelam uma mobilidade social baixa para a população negra, que precisa enfrentar múltiplas barreiras para chegar aonde outros chegam com mais facilidade. O progresso existe, mas segue distante do que deveria ser em um país que se quer justo e democrático.

Um país mais justo, com mais pessoas escolarizadas e com oportunidades distribuídas de forma equitativa, melhora para todos. Ganha a economia, ganha a sociedade, ganha o futuro. Investir em educação, equidade e diversidade racial não é um favor – é uma estratégia de desenvolvimento.

Por isso, o debate sobre a população negra não deve ser lembrado apenas no mês de novembro. Ele precisa ser um compromisso permanente, que oriente políticas públicas, decisões empresariais e práticas sociais durante todo o ano.

Falar de igualdade racial não é apenas reparar o passado – é investir no futuro.

O desenvolvimento econômico e social do Brasil depende de reconhecer e valorizar a potência da população negra que o constrói todos os dias.

Que novembro nos inspire, mas que o ano inteiro nos transforme.

Só assim construiremos um país onde o protagonismo negro não seja exceção, mas parte essencial do que somos – e do que ainda podemos ser.

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