Thaissa é sepultada; Justiça decreta prisão preventiva de suspeito de feminicídio
Henryque Cassiano, 22, segue detido no Cotel; familiares se despedem emocionados de Thaissa Lorrany
A Justiça converteu em prisão preventiva o flagrante de Henryque Cassiano da Silva, 22 anos, suspeito de matar a ex-namorada Thaissa Lorrany Muniz Melo, de 21 anos, encontrada com sinais de estrangulamento, uma facada nas costas e mutilações nos braços dentro da casa dele, na Várzea, Zona Oeste do Recife. Ele foi encaminhado ao Cotel nesta quarta-feira (19).
Dor e incredulidade no velório
Familiares e amigos se despediram de Thaissa, que era estudante de técnica de enfermagem e confeiteira, em um velório marcado pela comoção no cemitério da Várzea. A mãe, sem condições de falar, era amparada por parentes. Primos relataram à reportagem que nunca imaginaram que o suspeito — descrito como alguém de comportamento retraído, que frequentava almoços e encontros da família — pudesse cometer um crime dessa gravidade. O enterro de Thaissa ocorreu às 11h, antes de a família saber que o suspeito teve a prisão preventiva decretada.
Versão do suspeito não bate com a cena do crime
A narrativa de Henryque, segundo a polícia, apresenta inconsistências graves: ele afirma que saiu para buscar um fósforo na casa da avó quando Thaissa teria se enforcado na noite da última segunda-feira (17).
A cena do crime, porém, não apresentava corda ou qualquer meio compatível com a versão. Além de sinais de estrangulamento, o corpo tinha uma facada nas costas, indicando agressão antes da morte. Ele também não acionou a polícia em nenhum momento.
O suspeito ainda afirmou ter colocado um rap de temática ligada a animes para “se acalmar” enquanto mutilava o corpo — elemento que chamou atenção dos investigadores pela frieza.
A perícia encontrou o braço esquerdo da vítima dentro de uma caixa de madeira, e o outro membro parcialmente cortado. Aparentemente, ele estava tentando cortar o corpo em pedaços para se livrar do crime.
Thaissa havia sido arrastada para outro cômodo e colocada atrás de um guarda-roupa. A Polícia Civil trata o caso como feminicídio qualificado, com ocultação e vilipêndio de cadáver.
Carta carinhosa mostra fim do relacionamento sem conflito
Entre os materiais apreendidos, a família identificou uma carta escrita por Thaissa, terminando o relacionamento com delicadeza. No texto, ela afirma que ainda nutria carinho por ele e desejava que ambos pudessem se reencontrar no futuro. Para os parentes, o conteúdo reforça que ela não tinha comportamento suicida nem apresentava sinais de autodestruição. “Ela era feliz”, disse a mãe nesta última terça-feira ao encontrar o corpo da filha. "Ele mente", acrescentou a mãe ao falar da versão de Henryque.
Histórico do casal e investigação sobre motivação
Os dois namoraram por cerca de três anos. O término recente ocorreu após ela descobrir que ele mantinha outro relacionamento paralelo havia dois anos. A polícia apura se Thaissa foi atraída para a casa dele com a promessa de ajuda nos estudos e no trabalho — ela fazia curso técnico de enfermagem no Senac e trabalhava como confeiteira.
Família pede justiça e alerta para onda de feminicídios
Parentes afirmam que Thaissa era “inofensiva, inocente e muito amorosa” e pedem justiça. O caso se soma ao cenário crescente de feminicídios em Pernambuco, que mantém índices altos em 2024 e 2025. O processo seguirá sob a condução da Delegacia de Homicídios da Capital.
O coletivo de mulheres varzeanas divulgaram uma nota contra o feminicídio
O Senac, onde Thaissa fazia curso de técnica de enfermagem, também divulgou nota de pesar
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