Faroeste moderno com Joaquin Phoenix e Pedro Pascal
“Eddington” chega ao Brasil com meses de atraso desde a primeira exibição, no Festival de Cannes, e de seu lançamento nos EUA
Após dividir seu fã-clube com “Beau Tem Medo”, primeiro longa de Ari Aster a se afastar, ainda que não totalmente, das histórias de terror que o consagraram, o cineasta elegeu faroeste para contar sua nova fábula.
Na esteira de um consenso abaixo do esperado, “Eddington” chega ao Brasil com meses de atraso desde a primeira exibição, no Festival de Cannes, e de seu lançamento nos EUA.
Descrito pela crítica como um “western moderno”, espécie de atualização do gênero, consagrado pelas disputas do Velho Oeste, com desertos deslumbrantes, duelos entre peritos do gatilho e homens à beira do colapso, o longa transporta a pandemia da covid-19 para o fim de mundo, numa cidade-título tomada pela briga eleitoral entre Joe Cross, um xerife negacionista vivido por Joaquin Phoenix, e Ted Garcia, um prefeito neoliberal na pele de Pedro Pascal.
Não há exagero no rótulo atribuído à produção. Ao se apropriar de uma mitologia elementar para o cinema americano, Aster representa um universo incompatível com sequências dirigidas por John Ford e quadros dominados pelo olhar de Clint Eastwood. Ao esvaziar símbolos que um dia tiveram tanto significado, o diretor conduz um filme sem imagens, sem botar a corda no pescoço.
Afinal, este é um faroeste em que os bares estão vazios e as pessoas estão dentro de casa. Um faroeste estrelado por um xerife abestalhado - figura longe de ser qualquer novidade, mas que agora não usa máscaras, sejam reais ou figurativas -, e que demora para mostrar cenas violentas.
Quando acontecem, isso se dá entre várias pausas e quase sempre longe da câmera. A exceção é o momento em que o protagonista de Phoenix carrega uma metralhadora. Os disparos imprimem flashes de luz na tela e afetam a nitidez com que as ações são gravadas. Isso, é claro, além de atrapalhar o discurso ameaçador do ator.
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