Presidente do BRB é afastado do cargo em investigação sobre Banco Master
A medida faz parte da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do BRB, em Brasília
O presidente do BRB (Banco de Brasília), Paulo Henrique Costa, e o diretor financeiro, Dario Oswaldo Garcia Júnior, foram afastados do cargo por 60 dias nesta terça-feira (18) no âmbito da investigação que levou à prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master.
A medida faz parte da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do BRB, em Brasília. O objetivo, segundo a PF, é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o sistema financeiro.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), indicou Celso Eloi, superintendente da Caixa Econômica Federal em Brasília, para a presidência do banco. Como o Distrito Federal é o principal acionista do BRB, o nome ainda precisará ser confirmado pela CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal).
Segundo a PF, as investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira.
Ainda de acordo com a PF, tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. Estão sendo investigados crimes como gestão fraudulenta e temerária e organização criminosa.
O banco do Distrito Federal protagonizou uma longa negociação para a aquisição do Master ao longo deste ano, com a compra de títulos de crédito da instituição de Vorcaro. O processo está sob investigação.
O Governo do Distrito Federal divulgou nota dizendo que "reforça seu compromisso com a legalidade, a transparência e a plena colaboração" com a investigação e que vai adotar "medidas internas adicionais" para "reforçar os mecanismos de governança, compliance e controle interno".
"O Governo do Distrito Federal permanece comprometido com a estabilidade institucional do BRB e com a garantia de que todos os serviços prestados à população ocorrerão com regularidade, transparência e responsabilidade", diz o governo Ibaneis.
Já o BRB afirmou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Master.
O banco informou, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira sobre a instituição e que a decisão judicial que orienta a atuação da PF determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.
"A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional", afirma.
Ao todo, os policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Segundo integrantes da corporação que acompanham o caso, havia uma suspeita de que Vorcaro poderia deixar o país para evitar a prisão. Ele se preparava para embarcar num voo para o exterior.
Advogados do banqueiro, preso no Aeroporto Internacional de Guarulhos, negaram à colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo que ele estivesse fugindo do país.
Segundo profissionais que integram a defesa de Vorcaro, ele estava embarcando para os Emirados Árabes para assinar o contrato de venda do banco para investidores, anunciada na segunda (17).
A Polícia Federal também prendeu Augusto Lima, sócio de Vorcaro do Banco Master.
O Banco Central também decretou nesta terça a liquidação do Master e colocou instituição que integra o conglomerado sob regime de administração especial temporária por 120 dias. Apenas o Will Bank foi preservado devido ao interesse de investidores em adquirir o banco digital.
O anúncio foi feito um dia depois da Fictor Holding Financeira fazer uma proposta para compra da instituição de Vorcaro e mais de dois meses após a autoridade monetária ter rejeitado a compra do banco pelo BRB.
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