Projeto de fábrica de combustíveis da Suzano no ES é suspenso por falta de madeira
Empresa também enfrenta desafios para a fabricação de celulose no Espírito Santo, em razão das limitações de oferta da matéria-prima
O projeto de construção de uma fábrica de bio-óleo em Aracruz, idealizado pela Suzano, foi suspenso devido à indisponibilidade de madeira, conforme informado por diretores da companhia. Referência global na produção de celulose e bioprodutos derivados do eucalipto, a empresa também enfrenta desafios para a fabricação de celulose no Espírito Santo, em razão das limitações de oferta da matéria-prima.
O investimento era considerado uma oportunidade para diversificação dos negócios da Suzano. A proposta previa o uso de resíduos de madeira provenientes da produção de celulose para fabricar o bio-óleo, que poderia ser misturado ao combustível fóssil e utilizado em veículos, de forma semelhante ao biodiesel já comercializado no país. A companhia chegou a negociar parceria com grandes empresas do setor de combustíveis, visando o embarque do óleo por meio de dutos no porto local.
Entre os fatores que influenciaram essa escassez de madeira estão questões legais e o avanço da cafeicultura, impulsionada pelo bom desempenho econômico do café na região. Segundo apuração da reportagem, a valorização da cultura cafeeira tem acelerado a concorrência por terras antes destinadas ao plantio de eucalipto.
Durante a inauguração da nova fábrica de papel tissue, realizada nesta terça-feira (18), o CEO da Suzano, Beto Abreu, destacou a relevância da base florestal para a sustentabilidade do negócio. “A floresta é o coração do negócio, o ponto de partida de toda a cadeia produtiva da empresa”, declarou. Abreu reforçou que o crescimento da produção está diretamente ligado à disponibilidade e à produtividade da madeira. “Temos desafios do ponto de vista de produtividade, e queremos continuar ganhando produtividade”, afirmou.
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O executivo ressaltou que a Suzano investe em inovação e biotecnologia para desenvolver variedades e clones de eucalipto mais resistentes e adaptados às mudanças climáticas, mas reconheceu a persistência das limitações de oferta. Segundo Abreu, a expansão florestal permanece como prioridade na estratégia da empresa, envolvendo todas as áreas na busca por novas oportunidades que agreguem ao negócio, ao estado e à sociedade:
“Sem dúvida, esse investimento para continuar expandindo a base florestal é absolutamente chave. Continuamos perseguindo novas oportunidades não só na operação fabril, mas também considerando a infraestrutura do porto da região, que vem se diversificando com novas atividades”, concluiu.
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