Vale busca parceiros para novo complexo industrial
Mineradora procura empresa para investir em ferro e hidrogênio verdes. Anchieta é um dos locais possíveis, segundo lideranças
A Vale busca parceiros para investir em um complexo industrial voltado à fabricação de produtos de baixo carbono para a indústria siderúrgica. E, segundo lideranças empresariais, Anchieta, no Litoral Sul, tem amplas condições de receber o projeto.
A Vale possui terrenos na região, para onde chegou a projetar uma siderúrgica, a partir de 2007 — a CSU. Essa proposta, porém, foi deixada de lado e não deve ser retomada, segundo fontes da própria mineradora, já que há entraves relacionados à estrutura portuária e impacto ambiental — lembrando que Anchieta é um polo turístico.
Um complexo industrial de HBI — sigla para Hot Briqueted Iron, um ferro metálico briquetado, também conhecido como ferro-esponja ou ferro verde — e de hidrogênio verde, porém, é um investimento possível. A própria Vale confirma que busca empresas parceiras para a implantação.
Procurada, a mineradora comunicou que firmou parceria com a Green Energy Park (GEP), “empresa europeia integrada de hidrogênio, para desenvolver estudos de viabilidade destinados à instalação de uma unidade de hidrogênio verde no Brasil para abastecer um futuro complexo industrial de produtos siderúrgicos de baixo carbono”.
A localização, diz a assessoria da mineradora, “ainda não está definida e será apontada pelos estudos”.
Um estudo da Findes defendeu o empreendimento em Anchieta em 2019, no início do governo Bolsonaro, na expectativa do programa Novo Mercado de Gás, do ministro Paulo Guedes, que prometia redução no preço do combustível. O resultado, porém, foi o oposto, e em 2021 o projeto foi suspenso.
Apesar disso, líderes empresariais veem o investimento no Estado como grande possibilidade.
O gás seria, a princípio, o combustível utilizado na produção do HBI, e seu preço segue em alta. Mas a Vale não quer investir diretamente, e sim encontrar um investidor. A ideia é apenas fornecer o minério de ferro para a empresa que instalar e operar o complexo.
E mais: o uso do próprio hidrogênio verde no processo do HBI. Essa é a proposta do empreendimento, conforme o comunicado da Vale. O HBI seria produzido com hidrogênio e vendido para siderúrgicas em qualquer local do planeta.
A falta de uma ferrovia, entrave inicial, está para ser solucionada com a construção do Ramal Anchieta, que será o 1º trecho da EF-118, ligando a cidade a Santa Leopoldina. Fonte da Vale garante que a obra será feita pela mineradora, já que há compromisso firmado.
Impulso europeu para o projeto de ferro brasileiro
A parceria entre Vale e Green Energy Park (GEP) para desenvolver hidrogênio verde no Brasil foi incluída como projeto prioritário pelo programa Global Gateway da União Europeia, iniciativa que prevê até 300 bilhões de euros em investimentos globais até 2027.
O objetivo é viabilizar uma planta de hidrogênio verde que abasteça um futuro complexo industrial de produtos siderúrgicos de baixo carbono, voltado tanto para o mercado brasileiro quanto para o europeu.
Segundo a Vale, a unidade permitirá a produção de HBI — ferro-esponja ou ferro verde — a partir de aglomerados de minério de ferro fornecidos pela mineradora.
A iniciativa aproveita o potencial de hidrogênio renovável do País e a qualidade do minério brasileiro, oferecendo uma plataforma competitiva para o desenvolvimento de aço verde e reforçando a integração das cadeias de valor entre Brasil e Europa. Para a Vale, o projeto representa um passo estratégico na descarbonização da siderurgia e no fortalecimento da cooperação industrial internacional.
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