Sem Trump, EUA têm delegação informal na COP30 com ex-gestão Obama e governadora
Integrantes da delegação minimizaram o risco de interferência do novo governo nas negociações da COP30
Sem o presidente Donald Trump ou outros representantes oficiais do governo, os Estados Unidos contarão com uma espécie de delegação informal na COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas).
A lista de participantes que confirmaram presença inclui a democrata Michelle Lujan Grisham, governadora do Novo México, e o ex-enviado especial para o clima Todd Stern, que chefiou a equipe americana nas negociações do Acordo de Paris durante a gestão de Barack Obama (2009-2017).
Além disso, esteve presente no encontro de líderes locais da COP30 no Rio Gina McCarthy, que dirigiu a Agência de Proteção Ambiental dos EUA durante o governo Obama e foi conselheira ambiental da Casa Branca na gestão de Joe Biden (2021-2025).
O grupo faz parte da coalizão America Is All In, que reúne mais de 20 estados americanos, além de centenas de cidades e empresas, que mantêm compromissos de redução de emissões equivalentes aos do Acordo de Paris. Eles pretendem representar o país nas negociações climáticas mesmo sem o apoio do governo federal.
Stern afirma que é preciso separar na discussão a administração Trump do restante do país. "Os países ficaram decepcionados quando os EUA se retiraram [do Acordo de Paris], mas sabem distinguir o governo federal da nação. Os estados e cidades continuarão a participar [dos debates]", disse Stern.
Segundo Grisham, essas jurisdições continuam no caminho para cumprir as metas de 2025. "Mostramos que a liderança local pode sustentar o que o governo central abandona", afirmou.
Trump já havia anunciado a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris em 2017, durante seu primeiro mandato —movimento revertido em 2021 por Biden, no primeiro dia de governo. O republicano voltou a sinalizar que pretende retirar o país novamente do pacto climático, o que seria concretizado no ano que vem.
Os integrantes da America Is All In minimizaram o risco de interferência do novo governo nas negociações da COP30. "Não há muito que possam fazer para atrapalhar", disse Stern.
O grupo também destacou a recepção positiva que estão tendo e disseram manter diálogo direto com a Secretaria da Convenção do Clima da ONU. "Continuaremos compartilhando nossos resultados com a ONU. É evidência inequívoca de que estamos fazendo o que dissemos que faríamos", declarou Grisham.
Delegações paralelas como a America Is All In não têm caráter oficial, mas costumam ser reconhecidas nas conferências da ONU como representantes da sociedade americana.
A ausência dos Estados Unidos na COP30 é vista como um baque para os debates climáticos pela importância do país nas emissões e pelo potencial de recursos que poderia mobilizar para planos de mitigação ou outras iniciativas.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou na abertura da cúpula de líderes na quinta (6) a ausência de Trump no evento e o que chamou de comportamento negacionista do americano em relação à ciência. "Está 100% errado o presidente Trump", disse. "[E] aqueles que estão investindo em mais armas na Europa estão cometendo um erro. Não é a Rússia o inimigo, é a crise climática", afirmou.
"Estamos perto do colapso climático, o que significa o ponto de não retorno. Em outras palavras, morte geral da existência no planeta. Literalmente, um apocalipse", disse Petro. "A sociedade está desviando a atenção e indo em direção ao abismo."
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